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Agricultura familiar e pesquisa: qual melhor cenário do agro para os próximos anos

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Para que o agro possa dar saltos de crescimento, é preciso fazer mais, apontam especialistas e entidades ligadas ao segmento  |   Bnews - Divulgação Getty Images/Getty Images

Publicado em 21/10/2022, às 16h36   Camila Vieira


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O setor do agronegócio é responsável por 25% do PIB brasileiro. As previsões otimistas apostam em um crescimento de 2,8% neste ano, segundo a Confederação Nacional de Agricultura (CNA). Nos anos seguintes, os números também são animadores. No entanto, para que o setor possa dar saltos de crescimento, é preciso fazer mais, apontam especialistas e entidades ligadas ao segmento. Reuniões tem sido realizadas com intuito de debater o futuro do agro, com foco nos próximos quatro anos.

“O país precisa implementar diversas políticas públicas para pavimentar o caminho de um crescimento maior e mais sustentável do setor, seja qual for o próximo governante eleito”, diz o agrônomo Pedro Abel Vieira, da Embrapa. Segundo ele, reuniões com pesquisadores da Universidade de São Paulo e de outros institutos de ensino para discutir o tema tem sido realizadas com constância. 

"Não há dúvida de que precisamos tratar com seriedade a questão do desmatamento, por exemplo, com um diagnóstico completo sobre o problema e um conjunto de ações muito bem pensadas, levando emc conta as especificidades da população local”, afirma. "Outro tópico é o desenvolvimento de agricultura familiar".

O desenvolvimento de uma agricultura sustentável em biomas como o cerrado, por meio de pesquisas de novos cultivares e do incentivo ao pequeno agricultor, também faz parte do conjunto de sugestões. “Precisamos resgatar políticas de apoio ao pequeno produtor, que soma 4 milhões de pessoas no Brasil”, diz Eduardo Delgado Assad, pesquisador da Unicamp e professor da FGV Agro, centro de estudos de agronegócio da Fundação Getúlio Vargas.

Os especialistas defendem a ampliação de programas de assistência técnica aos pequenos produtores e de outros esforços no sentido de elevar o nível educacional dos agricultores. “Muitos não completaram o ensino fundamental”, afirma Assad. “Também é preciso investir mais em saneamento básico na zona rural e prover condições para que o pequeno agricultor possa aumentar a produção e renda.”

Novas tecnologias no agro -  Estimular o desenvolvimento de novas tecnologias é outra iniciativa primordial, na visão de pesquisadores e representantes de entidades do agro. “O país fez uma revolução verde há algumas décadas, quando deixou de ser um importador de alimentos para se tornar um grande produtor e exportador, o que foi conquistado em grande parte com investimentos em pesquisa”, diz Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). “Agora, precisamos aumentar os investimentos em tecnologia para agricultura tropical e nossa capacidade de inovação.”

Esse movimento passa também pelas startups do agro, que vêm apresentando soluções em tecnologias como robótica, inteligência artificial e sensores. As inovações permitem avanços no monitoramento da saúde das plantas, detecção de pragas e previsões do tempo mais acertadas, fundamentais para o planejamento do plantio e da colheita.

No ano passado, as agritechs brasileiras, como são chamadas as startups do agro, captaram cerca de 126 milhões de dólares de investimento, quase o dobro de 2020, segundo o Distrito, um dos maiores hubs de inovação no país. Mesmo assim, há um longo caminho a ser percorrido. Em mercados mais maduros, como nos Estados Unidos, os investimentos em agritechs somaram 5 bilhões de dólares em 2021.

“Também precisamos avançar em relação a aspectos importantes como a proteção contra risco”, diz Leandro Fonseca, professor de agronegócio do Insper. “O governo poderia se debruçar sobre iniciativas para aumentar o acesso ao seguro rural", finalizou. 

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