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Agro do Brasil pode arrecadar até R$ 4,9 bilhões com cânhamo, diz consultoria

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Além do faturamento de cerca de R$ 4,9 bilhões, cânhamo ainda teve alavanca arrecadação de impostos  |   Bnews - Divulgação Divulgação // Pixbay

Publicado em 22/04/2023, às 11h58   Cadastrado por Rafael Albuquerque


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O Brasil tem um protagonismo internacional sem igual quando o assunto é agropecuária. O país é o principal produtor mundial de diversas culturas como soja, café, açúcar, milho e suco de laranja. Em termos de exportação, o Brasil se destaca com as aves e carne bovina, além das culturas acima citadas.

Porém, existe uma produção que, se bem trabalhada, pode elevar o país a uma potencia ainda maior no segmento: o cânhamo. O Agro Times entrevistou Maria Eugênia Riscala e Thiago Cardoso, co-fundandores da Kaya Mind, consultoria que surgiu em 2020 e passou a prestar serviços para o mercado da cannabis, logo após a regulamentação do uso medicinal no Brasil.

A especialista explicou que o cânhamo é uma subespécie da Cannabis sativa L. e está presente como matéria-prima para fins medicinais (através do óleo do CBD) e industriais. "Aos poucos, a cultura vem sendo reintroduzida na agricultura de diversos países. A planta, que pode ser usar por sua biomassa, pode atingir alturas significativas e tem alto rendimento, além de ser resistente a pragas. O cânhamo conta com no máximo 0,3% de tetrahidrocanabinol (THC), substância que causa efeitos psicoativos. No entanto, pelo baixo índice de THC, 33 vezes mais baixo do que o encontrado nas plantas de cannabis, é impossível sentir efeitos psicotrópicos pelo uso do cânhamo", afirmou.

Desta forma, pode-se dizer que a cannabis e o cânhamo fazem parte da mesma espécie. Contudo, o fator determinante para a denominação da planta em questão passa pelo teor de THC presente. Enquanto a cannabis é cultivada por seus fatores psicoativos, o cânhamo é produzido por suas usabilidades em diferentes indústrias.

A versatilidade do cânhamo e a qualidade de sua fibra são um grande trunfo. E possível utilizar quatro partes das plantas:

Caules: Transformados em fibras, utilizadas para fraldas, sapatos, cordas, papel e embalagens
Folhas: Transformadas em polpa, utilizada para papel e embalagens, cimento, camas para pets e fibra de vidro
Flores: Transformadas em extratos, utilizados para produção de óleos e destilados
Sementes: Transformadas em óleos, usados como azeite, margarina, suplementos, biocombustível, solventes, bioplásticos, cosméticos e outros, além de serem utilizadas cruas em alimentos, como na granola.
Na Kaya Mind, há um mote: “A cannabis é tudo e tudo pode ser feito de cannabis”. O exemplo, considerado como superlativo pela própria consultoria, busca apenas enunciar diferentes destinos da planta, que conta com mais 25 mil usabilidades.

A CEO da Kaya Mind ressalta as características alimentícias da planta. Segundo a especialista, a proteína do cânhamo só tem menos quantidade de proteína por porção do que a ervilha.

“O cânhamo é alimento, sendo grão ou semente, esse é um potencial muito diferente de outros produtos sustentáveis. Isso porque é possível fazer desde a ração animal até um grão benéfico para saúde humana. Essa seria uma grande revolução em termos de alimentação. Além disso, o cânhamo utiliza muito menos água que outras culturas. Além de ser forte, resistente ao vento e acostumada a nascer em qualquer lugar. Então, existe toda essa questão da sustentabilidade”, avalia.

Em termos de sustentabilidade, a planta pode surgir como uma opção responsável na produção mundial. Thiago Cardoso, chefe de inteligência da consultoria, explica que o cânhamo pode substituir tudo que é feito a partir do plástico e ressalta os benefícios do concreto feito a partir do produto, chamado de hempcrete.

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“Existem fábricas de automóveis que fazem portas de carros de cânhamo, existe isolante de ar-condicionado, camisetas, tênis e calças feitas a partir do produto. Hoje, o concreto feito a partir da planta traz muito mais benefícios como durabilidade e sustentabilidade na comparação com o concreto tradicional”, explica.

Outro destaque fica para as vantagens do cânhamo como matéria-prima na comparação com o eucalipto, principal matéria-prima na produção de papel atualmente. A porcentagem de celulose na composição do cânhamo é de até 77%, quando no eucalipto tem até 45%; o ciclo de cultivo de um dura entre 100-140 dias, do outro dura entre 6-7 anos; e, por fim, a durabilidade média do papel deste é de 200 anos, daquele é de apenas 66 anos.


Produção na China

A China, principal produtora de cânhamo no mundo, destina mais de 407 mil hectares para produção da planta e conta com uma longa história de produção da matéria-prima com destino ao uso industrial, com o caule sendo utilizado para produção de fibras têxteis. De acordo com a Kaya Mind, de tudo que o país produz, 75% se destina para produção de fibra.

“A China nunca parou de plantar cânhamo, nunca foi proibido por lá, e por quê? Porque eles são os maiores produtores de fibra do mundo. Eu não vi o mercado têxtil da China diminuir igual o nosso, o Brasil perdeu sua indústria têxtil, que era fortíssima antigamente. Por essas questões, o país pode ser considerado um vanguardista na produção de cânhamo”, explica Cardoso.

Classificação Indicativa: Livre

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