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Cuidados com segurança de um aeroporto começam no solo, explica especialista

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Especialista explica a importância do controle tecnológico do solo de um aeroporto  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Gabriel Rodrigues

Publicado em 27/11/2023, às 10h43 - Atualizado às 11h01   Cadastrado por Verônica Macêdo



Em um aeroporto, a preocupação com a segurança existe muito antes do início de suas operações, começando no solo. Já em suas obras, complexas muitas vezes, são definidos e adotados padrões técnicos de engenharia que irão assegurar que esse equipamento aeronáutico esteja totalmente preparado para pousos e decolagens de aeronaves.

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Além de normas técnicas precisas e rigorosas, a construção de um aeroporto envolve vultosos investimentos, o que faz com as decisões numa obra como essa sejam sempre subsidiadas por muitos cálculos, estudos e muito planejamento. Essas definições também precisam ser tomadas o mais rapidamente possível.

Por isso, é comum que em muitos canteiros de obras de grande porte se tenha o que os engenheiros chamam de laboratório de solo. Quem explica qual a função desse espaço dentro de uma construção é Breno Rojas, engenheiro civil responsável pelas obras do Antares Polo Aeronáutico, que está sendo construído no município de Aparecida de Goiânia, na Grande Goiânia.

“A função principal de um laboratório de solo é fazer o que chamamos de controle tecnológico, que é o que nos fornece informações essenciais para projetos de engenharia, construção civil e obras de infraestrutura. Ele ajuda a garantir a segurança, estabilidade e a durabilidade das estruturas construídas sobre o solo, proporcionando uma base sólida e estável. Em resumo, o controle tecnológico desempenha um papel crucial na engenharia, pois contribui para a segurança, eficiência e durabilidade das construções”, explica o engenheiro, que é especialista em obras de infraestrutura.

De acordo com Breno, por meio do laboratório de solo é possível analisar e testar algumas questões referentes à massa específica, granulometria, sedimentação, plasticidade,  compactação, expansibilidade, capacidade de suporte e vários outros aspectos físicos e mecânicos.

“Os resultados desses ensaios auxiliam em decisões importantes sobre a obra. Por meio deles conseguimos, por exemplo, avaliar a capacidade de suporte, ou seja, a condição do solo para suportar cargas impostas por edificações, estradas, pontes, entre outras estruturas. Conseguimos também a Análise da Compressibilidade, que avalia a capacidade deste de sofrer deformações sob cargas constantes. E ainda verificamos o índice de permeabilidade, que é a capacidade do solo de permitir a passagem de água, algo crucial para projetos que envolvem controle de águas subterrâneas”, salienta o engenheiro do Antares Polo Aeronáutico.

Impacto na obra

Como um exemplo bem prático de um ensaio de controle tecnológico, que pode ser feito no laboratório de solo e cujo resultado pode impactar no andamento da obra, Roja cita a medição do Desvio de Umidade/Grau de Compactação.

“Você tem, a título exemplificativo,  a realização de um ensaio, cujos resultados indicaram que a densidade máxima foi atingida com um teor de umidade de 12%. No entanto, na obra, o solo foi compactado com um teor de umidade de apenas 10%. Isso significa que a compactação realizada foi insuficiente, resultando em uma densidade menor do que a ideal. Uma situação que se não for corrigida, pode comprometer a resistência do solo, colocando em risco a estabilidade da estrutura a ser construída. Portanto, com base nesse resultado, a equipe de engenheiros e construtores toma medidas corretivas, como uma recompactação do solo com o teor de umidade adequado”, explica o engenheiro civil.

Segundo Rojas, a coordenação e realização dos ensaios e testes num laboratório de solo requer o trabalho de engenheiros especializados em geotecnia de solos, como é o caso do Antares. “Esses profissionais são responsáveis por supervisionar todas as atividades relacionadas aos ensaios e controles tecnológicos de solo.

Além disso, o nosso laboratório conta com laboratoristas, técnicos e auxiliares que são treinados para realizar os ensaios de acordo com os padrões e normas técnicas estabelecidas”, afirma o engenheiro.

Ele ainda explica que, com base nos resultados obtidos dos ensaios, são produzidos relatórios que serão analisados pela equipe técnica permitindo recomendações ou ações corretivas específicas para cada evento da obra.

Terraplanagem

O engenheiro Breno Rojas explica também que numa obra como a do Antares, a terraplanagem tem uma importância única, que refletirá na segurança das estruturas que serão edificadas no local.

“Numa obra de um aeroporto, como o Antares, a fase de terraplanagem é uma etapa crítica, que requer atenção especial devido às exigências específicas associadas à infraestrutura aeroportuária. Por isso é uma fase que demanda mais tempo para conclusão”, esclarece. 

Breno diz ainda que o tempo médio de obra dedicado à terraplanagem pode variar significativamente dependendo do tamanho do sitio aeroportuário, das condições topográficas do terreno e da complexidade do projeto.

“Em muitos casos, a terraplanagem pode consumir de 30% a 60% do tempo total da obra”, completa.

O engenheiro afirma que essa atenção especial dada à terraplanagem numa obra aeroportuária é necessária porque é o momento crucial em que se criará uma superfície nivelada e adequada para o deslocamento das aeronaves.

“Além disso, a precisão na conformação do terreno é essencial para garantir que o aeroporto atenda aos regulamentos internacionais de segurança operacional”, ressalta.

Peculiaridades

O especialista esclarece que a obra de um aeroporto, especialmente do porte do Antares que poderá receber operações até de um Boeing 737, possui algumas peculiaridades bem específicas se comparada a outras construções mais comuns, como rodovias e edifícios residenciais. Um exemplo é o cuidado com a drenagem.

“Aeroportos por serem empreendimentos de grande porte, necessitam de grandes áreas para sua implantação. Sendo assim, o sistema de drenagem deve ser altamente eficiente para lidar com grandes volumes de água captados por essas bacias hidrográficas, especialmente durante chuvas intensas”, explica o engenheiro.

Outra peculiaridade citada por Breno e que deve ser trabalhada na fase de terraplanagem é a capacidade de suporte do solo. “O terreno onde está um aeroporto do porte do Antares terá que suportar o peso e a operação de aeronaves de grande porte. Então, ensaios geotécnicos detalhados são realizados para garantir que o solo alcance a resistência exigida no projeto”, salienta.

Os aspectos ambientais, numa obra como de um aeroporto, também merecem atenção especial, segundo pontua. “Isso se dá, uma vez que é necessário o atendimento de requisitos rigorosos, especialmente em relação ao controle de água e solo, devido ao potencial impacto das operações aeroportuárias”, completa o engenheiro.

Com investimentos na ordem de R$ 100 milhões e ocupando uma área total de 2 milhões m², dos quais  650 mil m² serão voltados para a construção de hangares, o Antares é um projeto capitaneado por um consórcio formado pelas empresas Tropical Urbanismo, Innovar Construtora, CMC Engenharia, BCI Empreendimentos e Participações e a RC Bastos Participações.

Em sua primeira fase, o polo aeronáutico irá entregar 72 lotes de 1.000 m² a 1.500 m², dotados de infraestrutura completa com ruas, calçadas, redes para energia elétrica, água e internet.

Essa primeira etapa do empreendimento também contará com terminal de passageiros, estacionamento e a pista de pouso e decolagens que terá capacidade de receber até mesmo aeronaves de grande porte, como um Boeing 737 800.

Privilegiadamente localizado no coração do Brasil, o polo aeronáutico está, por exemplo, de 1 a 2 horas de 65% do PIB do Brasil e de 3 a 4 horas do restante.

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