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Startups brasileiras de alta tecnologia somam esforços para a transição energética; confira

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Iniciativas de startups buscam transformar CO2 em produtos com valor agregado para agricultores  |   Bnews - Divulgação Divulgação | Freepik

Publicado em 10/11/2023, às 08h20 - Atualizado às 08h24   Cadastrado por Verônica Macêdo


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Iniciativas de startups brasileiras de alta tecnologia somam esforços para a transição energética. Elas buscam transformar CO2 em produtos com valor agregado, ajudam agricultores em casos de erosão do solo e na produtividade de plantas, além de aumentar eficiência dos processos produtivos.

Imagine uma empresa para a qual um dos principais gases de efeito estufa, o dióxido de carbono (CO2), não é um problema, mas a principal matéria-prima de seus produtos. Essa é justamente a ideia da startup Carbonic, criada por três doutorandos que desenvolviam projetos no Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) e no Instituto de Química da Universidade de São Paulo.

“Nosso foco principal é produzir metanol verde a partir de CO2; já temos uma patente, que abrange tanto o processo como o catalisador de titânio e rênio”, afirmou Maitê Lippel Gothe, fundadora e CTO da empresa.

“Além de existir uma demanda por metanol na indústria química para a produção de outras substâncias, como polímeros, ele pode ser usado como combustível. Quase nada de metanol é produzido no Brasil; praticamente tudo que se usa no país é importado”, disse Gothe.

“Aproveitando o fato de que somos cientistas, pretendemos utilizar a melhor tecnologia disponível em todos os aspectos da nossa companhia”, afirmou a pesquisadora e cofundadora da Carbonic.  

Já a startup Quanticum, que nasceu na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal, utiliza a alta tecnologia para fazer uma análise super detalhada da fração mineral – as argilas -- do solo e, assim, auxiliar os agricultores em casos de processos de erosão.

“Nós identificamos pequenas estruturas, que chamamos de nanopartículas naturais do solo, e, ao identificá-las e mapeá-las, podemos compreender melhor o processo de erosão e a capacidade natural do solo para o armazenamento de carbono e de água, para a produção de bioenergia e de alimentos, e o potencial nutracêutico de alimentos”, contou a engenheira agrônoma Deise Nogueira, coordenadora de pesquisa & desenvolvimento e inovação na Quanticum.  

Para fazer essa identificação, a empresa usa um software e um sensor que, ao percorrer a área de uma fazenda, por exemplo, mostra a propriedade magnética dos solos e suas nanopartículas. “Com informações de big data, compreendemos a relação entre as nanopartículas e os atributos do solo”, disse Nogueira.

Segundo ela, a tecnologia de identificação de nanopartículas foi objeto de ao menos 35 projetos de pesquisa apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), gerou mais de 25 teses e uma patente.

“Em termos de maturidade tecnológica, estamos no TRL 9”, afirmou. Isso quer dizer que a tecnologia já foi testada, validada e comprovada em ambiente operacional. A startup tem parcerias com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e com a Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), entre outros.  

Também utilizando nanotecnologia no setor agrícola, a startup Krilltech, criada em 2019 dentro da Universidade de Brasília (UnB), desenvolveu em parceria com a Embrapa a arbolina, um biofertilizante atóxico que ativa o metabolismo e melhora as condições fisiológicas dos vegetais.

“Como uma companhia de nanotech, nossa contribuição da transição energética é baseada em aumentar o desempenho de plantas como cana-de-açúcar e soja”, afirmou em sua apresentação o químico Marcelo Rodrigues, fundador da Krilltech. A empresa trabalha com nanopartículas de carbono, cujo diâmetro chega a 5 milímetros.

Em seus experimentos, relatou, a produtividade do tomate foi aumentada em 26% no primeiro ano. “O mais interessante é o retorno financeiro para o agricultor de cada real investido na tecnologia.” Nos experimentos com cana-de-açúcar, foi registrado um aumento de 58% na biomassa, afirmou Rodrigues.  

Outra startup nanotecnológica é a MOF Tech, gerada no âmbito de um projeto do RCGI, que tem como foco a produção de estruturas metalorgânicas (MOFs, na sigla em inglês) para a recuperação de solos degradados. Segundo Dagoberto Silva, fundador da empresa, o fato de as startups serem pequenas apresenta vantagens para a área da transição energética. “Elas costumam ser muito dinâmicas para encontrar soluções”, exemplificou.

Em uma área diferente das anteriores, a recém-criada startup Multiscale, nascida no Instituto de Física da USP, propõe-se a trabalhar com simulação computacional de alta performance para auxiliar a indústria nacional a definir rotas de produção mais eficientes.

“Basicamente sabemos como colocar os computadores para trabalhar em conjunto a fim de simular sistemas físicos e resolver problemas numéricos. Nossa equipe é especializada em áreas disruptivas, como aprendizagem de máquina, computação quântica e realidade virtual, que na verdade são ferramentas para análises de dados em nosso laboratório”, afirmou o físico Alexsandro Kirch, fundador da Multiscale.

Em outubro, a startup recebeu o apoio da Fapesp, via o auxílio Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). “Já é bem estabelecido que as simulações computacionais aplicadas aos sistemas físicos têm um papel essencial para identificar os processos que podem poupar energia, reduzir as emissões de carbono e para o desenvolvimento de novos materiais com propriedades específicas”, comentou Kirch.

Classificação Indicativa: Livre

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