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Carnavalesco Windson Silva dispara: bloqueiros erraram. Não tem empresário santo

Publicado em 26/01/2017, às 10h48   Rafael Albuquerque


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O empresário Windson Silva, do Grupo Cheiro, falou sobre a decisão de não colocar bloco na rua esse ano e fez duras críticas aos empresários do Carnaval durante entrevista concedida ao apresentador José Eduardo, durante programa na Rádio Metrópole na manhã desta quinta-feira (26).
Com 37 anos à frente do Cheiro e outros cinco no bloco Internacionais, Windson disse que não colocar o Bloco Cheiro na avenida em 2017 foi a decisão mais difícil de sua vida. Alegando questões econômicas, o empresário afirmou que não seria irresponsável de colocar um bloco na rua e depois ficar devendo aos funcionários e prestadores de serviço.
“Para o Cheiro sair, tem que ser com pujança, forte, bonito, com respeito. Para fazer meia-boca não faço. Para ficar devendo às pessoas que trabalham e que têm família eu não faço. Por isso, analisei com frieza com as pessoas que me cercam e concluí que esse ano não dá”, afirmou durante a entrevista.
Para Windson, sua decisão, que não é isolada, considerando que o AraKetu, Nana Banana e outros blocos também não sairão, deve abrir os olhos das lideranças do Carnaval: “os bloqueiros erraram demais. Às vezes o bloco só vendia dois mil abadás e eles davam mais dois mil para encher, e aí criou-se a indústria da cortesia. Não tem empresário santo, então não da pra sair só chutando a canela do prefeito e do governador”.
Apesar disso, o renomado empresário do Carnaval reconheceu que os tributos e taxas são um agravante para a situação complicada que os blocos enfrentam: “Claro que há tributos, impostos, e eles pesam. Alguém sabe a carga q paga ao governo federal? Qual retorno o governo federal tem dado a nível de turismo ao Carnaval de Salvador? Não acho que o prefeito e o governador sejam os culpados, as taxas fazem parte. A redução ou a retirada momentânea das taxas ajudaria, mas tem outros fatores. Temos que pensar como recuperar o Carnaval”.
Em uma conta rápida, Windson Silva afirmou que “não dá para colocar um bloco na rua com 2.500 foliões, cerca 800 pessoas trabalhando, sem gastar entre R$ 250 mil a R$ 300 mil por dia. Só de tributo fica entre R$ 60 mil a R$ 70 mil”. E se o Carnaval está ruim, o empresário revelou que a tendência é piorar: “vai piorar porque não está tendo renovação. A música baiana passa por momento de transição e precisa de renovação, de novas caras. Temos que dar oportunidade a novos artistas. Se não houver uma revolução musical seremos passados pra trás ainda mais”.
Outro ponto abordado por Windson foi a questão dos camarotes: “camarote é importante, mas tem que ser ordenado. Tudo em excesso leva a isso que estamos passando. Hoje você tem todos os camarotes com shows dentro, e de bandas que não são da Bahia. Temos que repensar tudo entre os donos de blocos e o poder público”.
Por fim, Windson criticou o silêncio dos colegas empresários e relembrou Fernando Bulhosa, carnavalesco que durante muitos anos foi presidente do Conselho Municipal do Carnaval: “temos que olhar pra os empresários que não querem falar, que têm medo. Eu era um confidente de Bulhosa, amigo pessoal. Ele era um guerreiro, não tinha medo de autoridade, falava o que precisava ser dito sem ajuda de ninguém. Hoje a gente não falar porque acha que vai magoar. Não vai magoar. Se você for educado, o prefeito e o governador não vão ficar chateados. Eu estou falando aqui de boa, não estou magoado, até porque sou um cara realizado com a história do Cheiro de Amor”.

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