Cidade um pouco racista dificultou Afródromo, aponta Vovô do Ilê 

O presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos, o Vovô do Ilê, afirmou neste sábado (10) que o projeto do Afródromo, circuito para blocos afro que seria implantado no bairro do Comércio em Salvador, era arrojado, mas teria ocorrido influência de algumas pessoas dificultando a concretização da ideia surgida em 2012.

Apesar da contribuição que o circuito traria, Vovô aponta contradições no formato. "O custo do afródromo é muito grande. O custo de infraestrutura é de quase 20 milhões de reais. Você ter uma estrutura dessa de 15 a 20 milhões de reais e as entidades não receberem nada, não é interessante", disse Antônio Carlos em entrevista à imprensa na noite deste sábado (10), na Senzala do Barro Preto, no Curuzu, de onde parte o desfile do Ilê Aiyê. 

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"Era um projeto muito arrojado, tinha tudo para dar certo, para os blocos afro ganharem dinheiro, mas acho que por termos uma cidade um pouco racista, teve gente que botou o pé em cima para dificultar", disparou. 

Vovô do Ilê afirmou que as dificuldades financeiras ainda assombram a entidade carnavalesca. "Esse ano retornamos ao Ouro Negro, tivemos a Bahiagás, que desde 2017 diminuiu em 50%. E esse ano, no apagar das luzes, a prefeitura deu apoio aos blocos afro. Mas as dificuldades continuam. O bloco vai bonito, vai para a rua, mas imagine que ainda estamos pagando dívida do carnaval do ano passado", ressaltou. 

"Um bloco do porte do Ilê Aiyê precisaria de um milhão, um milhão e meio. Hoje algumas coisas são comuns, todo mundo tem que ter um trio qualificado, você tem que ter banheiro, bar, camarote, tem que botar LED, contratar vários profissionais. Não temos mais aquele Carnaval dos anos 80 com trios artesanais, muito mais bonito", listou o dirigente da entidade afro.

Neste ano, o Ilê vai homenagear o líder sul-africano Nelson Mandela, o Madiba.