Assembleia discute novo modelo para Carnaval de Salvador

Publicado em 06/12/2011, às 02h37 Redação Bocão News

Em audiência pública bastante concorrida, presidida pelo deputado estadual Alan Sanches (PSD), a Assembleia Legislativa debateu de forma pioneira na tarde desta segunda-feira (5), o Carnaval de Salvador. No encontro, que contou com a presença de representantes 135 entidades culturais que fazem a festa acontecer, dentre elas a Associação dos Afoxés, Associação de Blocos Indígenas, Associação dos Blocos Afros da Bahia e Associação dos Trios Elétricos Independentes da Bahia, a largada foi dada em prol de um novo modelo de Carnaval para a capital baiana. Um dos pontos mais criticados durante o evento foi a “elitização” do atual modelo, com o número cada vez maior de camarotes instalados na maior festa popular do planeta e, conseqüente, exclusão social, discriminação econômica, racial, étnica e perda da suas principais características e referências.

De acordo com Alan Sanches, o Carnaval é de interesse de toda a sociedade e a Assembleia não pode se furtar de entrar nesse debate. “Estamos aqui para ouvirmos as insatisfações, assim como os elogios e buscar soluções com as autoridades competentes, de forma que um novo modelo, conforme está sendo proposto, possa, de fato, ser implementado. Afinal, a democracia é isso. O que não pode continuar é um modelo cada vez mais excludente, onde só se diverte com segurança quem tem recursos para pagar um camorote ou bloco”, destacou, complementando que um documento com todas as reivindicações será elaborado e entregue o quanto antes ao presidente da Assembleia, deputado Marcelo Nilo, ao Ministério Público Estadual (MPE), ao secretário da Cultura, Albino Rubim, ao prefeito João Henrique e ao governador Jaques Wagner.

Os deputados José Arimatéia (PRB), Adolfo Viana (PSDB) e Bira Coroa marcaram presença e se comprometeram a apoiar o pleito. Além deles, estavam presentes os vereadores Alcindo Anunciação (PT) e Sandoval Guimarães (PMDB). Compuseram a mesa, ainda, o cantor Gerônimo, Nadinho do Congo, presidente da Associação Nacional do Afoxé, Otto Pipolo, presidente da Associação dos Blocos de Salvador e o subprocurador da República, Augusto Aras.

Nadinho do Congo e representantes do setor não escondiam a satisfação. “Tudo para raça negra só vem com dificuldade, mas é preciso deixar claro que não queremos tomar o poder, queremos apenas um tratamento igualitário e o Carnaval é a marca da nossa história. Não somos contra os camarotes, mas é legitimo que uma parte do lucro exorbitante seja repassado para as instituições que abrilhantam a festa e, acima de tudo, possuem responsabilidade social com a Bahia e a sua cultura. Hoje, demos um grande passo a nosso favor, uma missão assumida pelo deputado Alan Sanches, mas esperamos contar com o apoio de toda a Casa, pois a nossa luta está apenas começando, comemorou.

Otto Pipolo, por sua vez, fez questão de pontuar que nos anais da Assembleia o debate sobre a folia de momo nunca havia acontecido. “Toda nossa discussão se resumiu ao plenário da Câmara de Salvador. Portanto, posso assegurar que esse momento vai mudar o Carnaval da Bahia. Todos os segmentos que fazem o Carnaval da Bahia estão presentes e tenho certeza que unidos daremos a diferença”, disse, reforçando o agradecimento ao deputado Alan Sanches pela iniciativa.

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