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Atos de racismo e preconceito estão sendo observados no carnaval

Publicado em 18/02/2012, às 22h23   Redação Bocão News



Quem gosta de praticar o racismo e o preconceito social, precisa tomar cuidado no carnaval.  O Observatório da Discriminação Racial, da Violência contra a Mulher e Combate à Homofobia realiza pela sétima vez ações que visam combater esses atos covardes.

Até o momento, em dois dias de carnaval, foram registrados 58 atos de violência e discriminação nos circuitos de carnaval, tendo como grandes destaques negativos as agressões verbais e físicas sofridas por mulheres e homossexuais
O secretário Municipal da Reparação (Semur), Ailton Ferreira, em bate-papo com o Terra, explica como age o Observatório e quais medidas utiliza para evitar os atos racistas e preconceituosos.
Confira os principais pontos da entrevista:
Terra Magazine - Como tem sido a atuação do observatório? 
Ailton Ferreira - Ele é um instrumento da democracia. Foi implantado em 2006, com o objetivo de identificar os casos de racismo no Carnaval. Porque entendemos que quem é racista o ano todo também é racista no Carnaval; a diferença é que usa fantasia. A partir de 2007 e 2008, o observatório passou a tratar também da violência contra a mulher. E, em 2010, incorporamos a variável da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis). Atuamos com vários parceiros governamentais e da sociedade civil, movimentos negros e etc., fazendo uma campanha de conscientização sobre nosso papel, sobre o comportamento da sociedade, além da necessidade e do dever de respeitar a diversidade. Fazemos esta prevenção, com panfletos e cartazes, na imprensa, nas redes sociais, contatos com os blocos.
E temos os organismos de segurança pública: a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Delegacia da Mulher, a Defensoria Pública e o Ministério Público. A partir das ocorrências do Carnaval, pode ser gerado um inquérito policial e levar o agressor a cumprir a pena que a lei determina.
Quais são as agressões mais comuns?
Contra mulher, o que mais acontece é soco, pontapé e empurrão. São as mulheres que não deixam ser beijadas à força no circuito. Porque muitos homens querem agarrar e algumas reagem, o cara fica furioso e não gosta. Acha que ela está ali, e ele tem direito de abraçar, agarrar, beijar na boca.
Em geral, o que fazem contra eles (da comunidade LGBT)?
Puxam cabelo ou a fantasia, batem. Jogam resto de bebida no rosto. É mais na forma da humilhação com os gays. Acontece mais nos redutos deles, no Largo Dois de Julho e num beco da Barra. O machão vai para o lugar deles e lá quer bater, dar tapa. Teve um até que tomou porrada porque mexeu com uma travesti que era capoeirista e quebrou o cara todo no pau.
Quais são os relatos de racismo?
Na maior parte, é verbal. E tem os casos que não são verbalizados: os de vulnerabilidade social. Consideramos racismo institucional aquele que faz, por exemplo, crianças negras dormirem nos passeios enquanto os pais estão trabalhando no Carnaval. Ali tem lama, ponta de cigarro, xixi, resto de comida, o menininho pode ser pisoteado e espancado. São, por exemplo, gestantes, com barrigão, negras, puxando corda de bloco, na condição de inferioridade e de vulnerabilidade.

Classificação Indicativa: Livre

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