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Especialistas revelam motivo que “contribuiu" para desparecimento de poodles no Brasil; saiba qual é

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Em 2022, queda foi de 85% no número de registros  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 29/01/2023, às 15h18   Redação BNews


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A criação de animais de estimação é uma prática bastante comum entre os brasileiros. Os cachorros são um dos preferidos, em especial, o da raça poodle, contudo, nos últimos anos, esse tipo de canino tem desparecido dos lares. Segundo a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), que estabelece padrões para criação e emite pedigrees (certificado de origem de cães de raça) no Brasil, o auge dos poodles foi em 1997, quando 3.193 foram registrados por pessoas que procuraram a organização. As informações são da BBC News Brasil.


Em 2022, apesar do aumento do mercado pet, o número de poodles registrados foi de apenas 501, uma queda de quase 85%. Já o "censo" anual que as empresas DogHero (de hospedagens para pets) e Petlove (comércio eletrônico) fazem entre clientes cadastrados nas plataformas mostra que 62% dos poodles tinham mais de 15 anos em 2021. Ou seja, estão no fim da vida.


No mesmo levantamento, a raça representava 5% dos cães cadastrados nas plataformas em 2021– menos que os 6,1% identificados em 2017, no primeiro levantamento, e atrás de vira-latas (sem raça definida), shih-tzus e yorkshires.


De acordo com os especialistas na raça ouvidos pela BBC News Brasil, há um consenso de que a própria popularidade do poodle foi parte da sua "desgraça". Com a alta procura por cães da raça, também disparou a quantidade de pessoas que criavam, reproduziam e vendiam os animais no Brasil.


"Todas as raças que têm um pico de popularidade passam a ser vendidas por mais criadores. O que acontece muitas vezes é que são pessoas que só visam o lucro, sem critérios ou estudos sobre raça", avalia Maria Gloria Romero, dona de um canil especializado em poodles registrado em São Paulo.

No caso dos poodles, o desejo das famílias foi por animais cada vez menores. A situação chegou a um ponto em que, no Brasil, começaram a ser comercializados animais com o nome "micro" ou "zero" –mesmo que nos critérios oficiais, o menor tamanho fosse o "toy", com altura entre 24 e 28 cm.


"Foram cruzando os menores com os menores, pai com filha, para atender o desejo de clientes que queriam 'cão de bolso', um bibelô", diz Giovana Bião, criadora de poodles e dona de um canil de poodles em Salvador.

"O resultado dessa busca muitas vezes são animais com deficiências, problemas. Os muito pequenos só deviam ser de companhia, não para ficar reproduzindo."


Entre os problemas que mais se tornaram comuns entre os poodles no Brasil, estão a fragilidade óssea, convulsões, deficiências na arcada dental e as chamadas "lágrimas ácidas", que deixam a região perto do olho escura.


Para Lucas Woltmann, doutorando de Antropologia Social na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que estuda a criação de raças caninas, "'entrar ou sair da 'moda' vai depender de múltiplos fatores, desde influências coletivas (filmes, livros) a individuais, como gostos pessoais e limitações de espaço."


No Brasil, algumas raças que tomaram o lugar de poodles no gosto popular foram yorkshires, pugs, shih-tzus e, mais recentemente, o spitz alemão –ou Lulu da Pomerânia.

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