BNews Pet

VÍDEO: Tartaruga gigante é vista atravessando faixa de pedestre; entenda por que isso é um alerta

Reprodução
Assim que nascem, os filhotes começam uma verdadeira luta pela vida, quando crescem, os desafios não param  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 28/03/2023, às 09h07 - Atualizado às 09h15   Redação


FacebookTwitterWhatsApp

Imagine o seu gatinho ou cachorrinho perdido, bem longe de casa... Dá até um aperto no coração imaginar o sofrimento que nosso pet estaria passando, sem conseguir encontrar seu lar e exposto a inúmeros perigos, não é? O mesmo aconteceu com uma tartaruga gigante que surpreendeu moradores da Barra do Sahy, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo. A tartaruga da espécie cabeçuda apareceu no meio da rua, bem na faixa de pedestres, durante à noite.

"Caraca véi, olha o tamanho da bicha! Vamos guiar ela para cá para ela voltar para a areia. Ela vai se ralar toda aí bicho, tá toda perdida", disse um morador da região. Outro morador tirou uma foto da varanda de casa no exato momento em que o animal estava saindo da praia e indo em direção ao asfalto.

Um grupo de pessoas que passou de carro pelo local ajudou a tartaruga a voltar para o mar. O registro viralizou nas redes sociais recentemente, mas o vídeo foi feito no início de novembro de 2022.

Mas por que isso ocorre?
O litoral capixaba é agraciado pela presença da Dermochelys coriacea ou tartaruga-de-couro, que escolhe a foz do rio Doce, em Regência/ES e Povoação/ES, incluindo a Reserva Biológica de Comboios, unidade de conservação federal criada nos anos 80 para proteger os sítios de desova desta espécie, bem como a vizinha Terra Indígena Comboios.

Assim que nascem, os filhotes começam uma verdadeira luta pela vida, seguindo em direção ao mar, orientados pelo campo magnético do planeta, como uma espécie de bússola que as fazem encontrar o mar quando estão em praias escuras, assim como os reflexos do mar. Esta mesma bussola que as trará de volta quando adultas.

Em função de inúmeras ameaças, naturais e humanas, apenas uma pequena parcela consegue chegar à idade adulta. “Entre as ameaças estão a predação natural por outros animais, a erosão, o trânsito de pessoas e veículos nas praias, a predação por animais domésticos ou selvagens, a fotopoluição causada por avenidas ou calçadões e eventos a beira mar e resultados da ocupação do ambiente marinho e costeiro, por empreendimentos como casas em condomínios, resorts e hotéis, portos e atividades de exploração de petróleo e gás”, explica o coordenador nacional do Centro TAMAR ICMBio, Joca Thomé.

A iluminação artificial além de desorientar, atraindo os filhotes que podem morrer por desidratação ou predadores, pode perturbar as mães que estão prestes a desovar, desviando-a de seu caminho natural ao mar. O lixo é outro grande problema, pois quando depositado na areia atrapalha as fêmeas, no processo de deposição de seus ninhos, assim como atrapalha os filhotes que precisam chegar ao mar. Já no mar o lixo é confundido com algas e outros alimentos, sendo ingerido por engano, podendo matar esses animais”, explica a veterinária do Centro TAMAR ICMBio e que coordena a Base Avançada em Regência-ES, Cecília Baptistotte.

Outra grande ameaça, talvez a maior, é a captura incidental pela pesca de espinhel dos grandes barcos e as redes de espera instaladas por pescadores artesanais ao longo da costa. “Combater essa ameaça envolve trazer os pescadores para um diálogo acerca do uso de medidas mitigadoras, que evitam a captura de tartarugas marinhas sem prejudicar a pesca, como o uso do anzol circular, o uso do TED, mudanças de horários e equipamentos, entre outras estratégias que auxiliam diminuir as capturas”, explica o analista ambiental do Centro TAMAR ICMBio e especialista nesta área de pesca NIlamon Leite Jr.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp