Cidades

Itapebi: vereadores apresentam atestados e esvaziam sessão

Publicado em 20/08/2015, às 07h36   Leo Barsan (Twitter: @leobarsan)


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Um dos vereadores apresentou atestato de doação de sangue para justificar ausência à sessão

Uma semana após a sessão da Câmara de Vereadores de Itapebi, no Extremo Sul baiano, acabar sob ‘chuva’ de ovos e tomates, o presidente do Legislativo municipal, vereador Leonardo Ribeiro (PSB), acusou, em entrevista ao Bocão News, os colegas da situação de terem realizado uma manobra para esvaziar o quórum da plenária desta terça-feira (18). Segundo ele, quatro dos cinco vereadores da base aliada do prefeito Francisco Brito (PSC) apresentaram atestados médicos para justificar as ausências e impedir a votação da criação de uma comissão para investigar supostas irregularidades em um contrato celebrado entre o Executivo e uma empresa de manutenção de estradas, no valor de R$ 600 mil.

“É a segunda vez que acontece. Eles (os vereadores da situação) já sabiam que haveria votação para criar uma comissão processante que, caso fosse aprovada, iria investigar o contrato e, constatadas irregularidades, iríamos pedir o afastamento do prefeito”, disse.

O vereador contou que 90 moradores da zona rural apresentaram um abaixo-assinado solicitando a abertura da investigação. “São estradas vicinais que não foram feitas. Além disso, queremos saber por que a prefeitura vive atrasando os repasses para o custeio da Câmara Municipal, no valor de R$ 107 mil por mês”, argumentou Ribeiro.

Moradores apresentaram abaixo-assinado com 90 assinaturas pedindo a criação da comissão

Em contato com a reportagem, o prefeito Francisco Brito assegurou que a empresa foi contratada para dar manutenção às estradas. “O trabalho é realizado periodicamente, inclusive damos assistência a estradas que são de responsabilidade do governo estadual. É picuinha de um vereador inexperiente, que fez parte da nossa gestão durante três anos e rompeu porque não atendemos mais aos seus interesses”, disparou o gestor.

Prefeito Francisco Brito

Ribeiro, por sua vez, afirmou que o prefeito “terceirizou” a gestão e a cidade seria comandada pelo secretário municipal de Administração, Florisvaldo Nunes. “É o secretário quem resolve tudo. O prefeito mora em Itabuna e nem aparece aqui (em Itapebi). Ele chega a despachar fora da cidade”, garantiu. Francisco Brito rebateu: “Posso até não estar presente todos os dias, mas toda semana estou no Município e dei autonomia ao secretário de Administração para resolver questões, sim”. Nunes assegurou que não há irregularidades no contrato. “Todas as notas emitidas são porque os trabalhos foram executados”, declarou.

Atestados

Em Itapebi, as sessões na Câmara Municipal de Vereadores ocorrem uma vez por semana, sempre às terças-feiras. De acordo com o presidente da Casa, cada parlamentar recebe R$ 5 mil. “Esse é o valor bruto. Toda vez que tem uma matéria de grande importância – como a da comissão para investigar a prefeitura – a base aliada do prefeito não comparece. Ontem, enviaram atestados médicos para justificar as ausências”, relatou Ribeiro.

Sessão plenária desta terça-feira (18)

Os vereadores que apresentaram atestados, segundo o presidente da Câmara, foram Zelito Gomes (PRP), Neumar Queiroz (PRB), Genildes Dantas (PR), e Plínio Correia (PSD). Este último disse ao Bocão News que compareceu ao médico no dia da sessão e acusou a presidência da Casa de não disponibilizar a pauta de votação com 48 horas de antecedência, conforme previsto no regimento. “Só disponibilizam as informações uma hora antes do início da sessão e os vereadores ficam sem saber o que vai ser votado. Ontem (terça-feira) fui ao médico. Sobre as denúncias, soube pela mídia e não posso opinar”, esclareceu.

O vereador Paulo Henrique (PP) disse, por telefone, que não compareceu à sessão por “zelar pela própria integridade física”. “Os vereadores aliados do prefeito estão sendo ameaçados pelo presidente da Câmara e seu pessoal. Colocaram nas redes sociais que iriam quebrar a nossa casa. Por isso não fui”, justificou. Sobre as denúncias relacionadas à prefeitura, o edil afirmou que não iria comentar o assunto por meio de ligação. “Na próxima sessão farei meu pronunciamento”, resumiu.

Ovos e tomates

Na sessão do dia 11 de agosto, os vereadores da base governista rejeitaram a criação de uma comissão processante para investigar a contratação de uma associação médica ligada ao Hospital São Vicente, em Vitória da Conquista, no Sudoeste. “A instituição foi contratada, mas o corpo de funcionários era fornecido pela prefeitura. A situação não quis investigar”, disse o presidente da Câmara de Vereadores, Leonardo Ribeiro. A sessão terminou sob protestos, ovos e tomates.

O vereador Plínio Correia disse à reportagem que os alimentos foram jogados “pelo pessoal do presidente da Câmara”. “Eram pessoas que tinham cargo na prefeitura antes de Ribeiro romper com o prefeito. Votei pela rejeição porque existiu um procedimento licitatório legal”.

O prefeito Francisco Brito disse que a empresa atuava na cidade há mais de 60 anos, mas o contrato foi rescindido. “A associação atuou por três meses, no final de 2013 e início do ano passado, mas foi alvo de denúncias em Vitória da Conquista e, por isso, cancelamos o contrato”, comentou.

Publicada no dia 19 de agosto de 2015, às 15h59

Classificação Indicativa: Livre

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