Cidades

Moradores de Ipitanga se revoltam com transtornos causados por obra paralisada

Publicado em 18/02/2016, às 11h07   Tony Silva (twitter: @Tony_SilvaBNews)


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Toda obra em via pública inevitavelmente cria algum transtorno à população. Porém a paralisação da obra de reversão da drenagem da Lagoa da Base para o rio Sapato, na Avenida Amarílio Thiago dos Santos, na região de Ipitanga em Lauro de Freitas, realizada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), está deixando moradores e comerciantes revoltados. O órgão estadual atribui o problema, a não renovação de alvará pela prefeitura de Lauro de Freitas e a gestão municipal alega não possuir responsabilidade na paralização dos serviços.

Enquanto o impasse não se resolve a população fica indignada com as consequências. Segundos moradores que procuraram a reportagem do Bocão News, os trabalhos estão parados desde novembro do ano passado e a grande quantidade de buracos e materiais deixados no meio da via estão tirando a paz de todos. Os comerciantes dizem ser os mais prejudicados. A Avenida Amarílio Thiago dos Santos dá acesso à praia de Ipitanga, Centro Pan- Americano de Judô, Vilas do Atlântico e outras regiões de Lauro de Freitas e Salvador.

Asfalto destruído, buracos, lama, poeira, obstrução de faixas da via e água parada são algumas das queixas dos moradores e motoristas que circulam na via. Risco de acidentes, danos nos veículos, queda nas vendas dos estabelecimentos comerciais e até risco de assaltos e contaminação são alguns dos relatos dos populares.

Segundo Roberto Pitanga, funcionário de um mercadinho na Avenida Amarílio Thiago, as vendas têm caído. Ele disse que no perímetro onde acontece a obra existem cerca de 20 pontos comerciais e todos estão prejudicados. “Poeira demais dentro do mercado. Os clientes pararam de frequentar o estabelecimento. Tivemos que cavar um poço artesiano para molhar a rua e evitar a poeira. As pessoas se queixam dos prejuízos em veículos. Temos que limpar produto por produto todos os dias”, disse.

Francisco Mesquita, comerciante da Avenida Amarília Thiago, disse que além dos prejuízos mecânicos nos veículos, existe risco de acidentes e infestação de mosquitos, que podem transmitir dengue, zica e Chikungunya. Duas galerias com até 20 metros profundidade estão abertas com água parada. “Estou tendo que transitar por outros pontos da cidade, para evitar esses buracos. Além de risco de acidentes, aumentou as infestações de mosquitos, muriçocas, com a água empoçada nas galerias”, disse.

Apesar dos moradores e comerciantes reconhecerem que a obra é de responsabilidade da Conder, eles cobram da prefeitura de Lauro de Freitas uma medida paliativa para minimizar os problemas na região. Adalberto Souza Caires, presidente vitalício de associação de moradores da Praia de Ipitanga disse que a comunidade da região já apelou à prefeitura para tomar alguma providência para minimizar o problema. “Além de prejuízos nos veículos, a buraqueira facilita a ação de bandidos e por conta disso já aconteceu um assalto na região antes do natal. A Conder sai do problema e a prefeitura também, ambas acusam o Ministério Público. apesar da obra ser da Conder a prefeitura não pode deixar os moradores a ver navios, poderia jogar pelo menos um cascalho”, diz Adalberto.

Ainda segundo Adalberto os moradores planejam uma manifestação para interditar a Avenida Amarílio Thiago, que é a principal entrada para praia de Ipitanga. Eles temem que a época da chuva que se aproxima traga ainda mais problemas com a obra paralisada.

A reportagem do Bocão News entrou em contato com a assessoria de comunicação da Conder. Em nota o órgão estadual atribuiu a paralisação a uma decisão do Ministério Público, por conta da não renovação de alvará da obra pela prefeitura de Lauro de Freitas, Leia íntegra da nota:

A CONDER – Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia esclarece que as intervenções propostas no município de Lauro de Freitas consistem na reversão da drenagem da Lagoa da Base para o rio Sapato, que será desassoreado para receber este volume excedente de água. O principal objetivo, portanto, é possibilitar uma drenagem mais eficiente, evitando alagamentos.

Cerca de 163,5 mil moradores do município de Lauro de Freitas, principalmente no entorno do rio Sapato e da Lagoa da Base, serão beneficiados.

Na construção da rede para reversão da drenagem da lagoa serão utilizados 700 metros de manilha de concreto armado, 916 metros de tubo de concreto armado, construídos um canal retangular em concreto armado de 165 metros e um bueiro, também em concreto armado, com 66 metros.  No total, serão investidos recursos da ordem de R$ 12,6 milhões na execução dos serviços.

A previsão de conclusão dos serviços era de 18 meses a partir do início das obras. A Prefeitura de Lauro de Freitas emitiu alvará com duração de 06 meses para início dos trabalhos. Antes do fim deste período, a CONDER solicitou a renovação do alvará para continuidade dos serviços, porém o mesmo não foi emitido pela Prefeitura de Lauro de Freitas. Desde então, o Ministério Público embargou a obra impedindo que qualquer ação seja realizada.

A CONDER tem se colocado totalmente à disposição para que entendimentos sejam mantidos junto à Prefeitura de Lauro de Freitas e Ministério Público visando reverter este impasse. A renovação do alvará pela Prefeitura de Lauro de Freitas é imprescindível para a retomada dos trabalhos e solução dos transtornos mencionados. Cabe salientar que a intervenção tem licença ambiental da prefeitura e outorga do Inema, ambos em vigência.

Já o Departamento de Comunicação da Prefeitura de Lauro de Freitas em nota destacou que a prefeitura não possui responsabilidade na paralização dos serviços, e que segue as recomendações do MP-BA e também que emitiu a licença com a especificação da necessidade do cuidado de não prejudicar as comunidades atingidas pelo Rio Sapato e Lagoa da Base. Leia íntegra da nota:

1 – Quanto ao alvará a Prefeitura emitiu a licença com a especificação da necessidade do cuidado de não prejudicar as comunidades atingidas pelo Rio Sapato e Lagoa da Base com o possível lançamento de esgoto após a conclusão da intervenção na referida área;

2 – Em virtude da intervenção do Ministério Público do Estado (MP-BA) as obras na localidade em questão foram paralisadas, ou seja, a Prefeitura não possui responsabilidade na paralização dos serviços, visto que segue as recomendações do MP-BA;

3 – Tudo que está ao alcance da Prefeita e existe respaldo legal para ser feito, o Poder Público Municipal vem providenciando, entretanto, a colaboração mutua de todos os envolvidos é algo extremamente necessário para a resolução do problema em questão.     

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