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Lancha que naufragou em Mar Grande deveria ter cabine protegida contra água

Gilberto Júnior / BNews
A embarcação não estava conforme indicações feitas em edital que licitou a operação  |   Bnews - Divulgação Gilberto Júnior / BNews

Publicado em 11/09/2017, às 06h25   Folhapress


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A lancha que naufragou na baía de Todos-os-Santos em agosto, deixando ao menos 19 mortos, não estava em conformidade com item previsto no edital que licitou a operação das embarcações em 2012.

O edital previa que as embarcações deveriam ter cabines de passageiros protegidas contra chuvas e ventos. A lancha que afundou, assim como a maioria das outras que fazem a mesma travessia, tinha as laterais abertas.

Segundo passageiros que sobreviveram ao naufrágio, foi justamente a entrada da água da chuva e das ondas dentro embarcação fator determinante para que o barco tombasse. Eles afirmam que a chuva fez os passageiros concentrarem-se em um lado da lancha, fazendo ela virar quando foi atingida por uma onda.

O edital também previa que as embarcações deveriam ter um sistema de alarme contra alagamentos. Os sobreviventes, contudo, afirmam que nenhum alarme foi acionado no momento em que a água entrava no barco. "Não ouvi alarme nenhum. Ouvi só aquele silêncio profundo e as pessoas se debatendo tentando emergir da água", afirma o funcionário público Eduardo Aguadê, 65.

Em maio, quando água entrou no convés em uma das embarcações do sistema, o dispositivo para alagamentos também não foi usado. "Não houve som de alarme. Aliás, nunca soube que isso existia", diz o comerciante Ítalo Vinagre, 32, que viaja nas lanchas desde criança.

O edital de licitação ainda prevê a adição de embarcações mais modernas ao sistema: quatro catamarãs com capacidade para 200 pessoas e casco de fibra de vidro. A inclusão, contudo, está condicionada à realização da obra de requalificação e dragagem do terminal de Vera Cruz, que deveria acontecer num prazo de quatro anos a partir da licitação, em 2012.

Cinco anos depois, porém, a obra do terminal ainda está na fase de estudos e nem sequer possui licença ambiental. Não há previsão final.

OUTRO LADO

Em nota, a Agerba –agência estadual que regula o transporte marítimo na Bahia– informou que as empresas atenderam ao edital, pois "lonas plásticas são usadas para proteger os passageiros das chuvas e ventos".

O órgão ainda afirmou que os barcos possuem sistema de alarme contra alagamento. Por meio da assessoria, a CL Transportes Marítimos informou que o alarme foi acionado durante o naufrágio da lancha Cavalo Marinho 1. A empresa também disse que o dispositivo não foi acionado em outros alagamentos do convés porque é usado só em casos de "real perigo".

Sobre a obra de dragagem do terminal de Vera Cruz, o governo da Bahia diz que o projeto da dragagem de Mar Grande está concluído. Atualmente, está sendo licitado o estudo para a emissão de licença ambiental. 

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