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Mudança na lei e envelhecimento da população fazem número de farmácias crescer na Bahia

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De janeiro a julho deste ano, 363 novas farmácias foram abertas no Estado   |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 11/11/2017, às 07h06   Shizue Miyazono e Yasmim Barreto


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O número de farmácias na Bahia aumentou nos últimos anos e, segundo dados do Conselho Regional de Farmácia (CRF-BA), o Estado conta com 4.591 estabelecimentos. De janeiro a julho deste ano, 363 novas farmácias foram abertas na Bahia, contra 274 no mesmo período do ano passado.

Mário Martinelli Júnior, presidente do CRF-BA, afirmou ao BNews que o aumento significativo de estabelecimentos farmacêuticos é uma tendência nacional. Ele explicou que esse crescimento não indica que a população esteja mais doente e sim que está se cuidando mais.

"A base da pirâmide da população brasileira mudou muito. Não é mais de uma população jovem, mas de uma população que vem envelhecendo. Isso é atribuído a melhor qualidade de vida. E, os medicamentos são um dos fatores que contribuem para saúde da população brasileira, devido às doenças crônicas serem tratadas com o uso contínuo de medicamentos", explicou Martinelli.

Ainda de acordo com o presidente, outro fator que fez o setor crescer foi a Lei nº 13.021/2014, que coloca a farmácia no patamar de estabelecimento de saúde. "Esse estabelecimento vem funcionando como espaço de saúde. Assim, o paciente vai à farmácia e tem recorrido aos serviços farmacêuticos na busca de um atendimento mais personalizado”.

O vice-presidente da Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Júlio Braga, concorda com os argumentos de Martinelli e afirma que o lucro e envelhecimento da população são as duas vertentes que explicam o crescimento no número de farmácias do estado

"As farmácias são empresas privadas, o intuito delas é o lucro, é ganhar dinheiro, que é uma coisa legítima. O que a gente vê é que elas mantêm o padrão de atendimento como recomenda, dispensando prescrições de acordo com o recomendando, tendo farmacêuticos disponíveis, utilizando os cuidados necessários pela vigilância sanitária", afirmou Braga. 

Já o envelhecimento da população faz com que aumente a demanda por serviços, recursos de saúde e medicamento. "A inflação na área da saúde, com novas tecnologias, novos medicamentos incorporados vem encarecendo a assistência à saúde. A gente espera que com esse aumento de concorrência, ocorra o que acontece no livre mercado, as instituições melhorem o atendimento", ponderou.

Para Braga, as farmácias hoje estão oferecendo vários recursos como dosagem de glicemia, aferição de pressão arterial, além de disponibilizar outros produtos que não sejam apenas remédios, como cosméticos, por exemplo, o que pode explicar o aumento do lucro e, consequentemente, o crescimento dos dados. 

Já Luiz Trindade, vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia (Sincofarba), se contrapõe aos representantes do CRF-BA e do Cremeb e afirma que a lucratividade das farmácias não aumentou nos últimos meses e mensalmente está entre 3% e 6%. 

Ele ressalta que muitos pequenos estabelecimentos necessitam se aliar a uma grande rede para continuar de portas abertas. "Se os pequenos estabelecimentos não tiverem em uma rede associativista, não permanecem no mercado".

Para Trindade, o aumento do número de farmácias pode ser explicado por investidores que buscam fundos de pensões e aplicam abrindo drogarias e farmácias, sem necessariamente visarem os lucros. 

Estabelecimento de saúde

A Lei Federal 13.021 publicada em 8 de agosto de 2014, legitima os farmacêuticos a dar pequenas consultas nas farmácias. Estes estabelecimentos passam a ter o status de Unidades de Assistência à Saúde. 

Além das consultas, as farmácias podem aplicar vacinas sob prescrição médica, participar de vacinação do SUS, orientar pacientes sobre questões de saúde, incluindo medicamentos, os farmacêuticos podem também analisar o que os pacientes estão ingerindo e orientar a cortar o uso de alguns.

Classificação Indicativa: Livre

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