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"Até quando eu vou ter que sofrer?", desabafa mãe de criança autista em caso Riachuelo

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Mãe de criança autista foi entrevistada pelo BNews  |   Bnews - Divulgação Reprodução/BNews

Publicado em 21/11/2023, às 15h27   Marcos Valentim e Sanny Santana


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Entrevistada pelo BNews, Karla Gurgel, mãe da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que denunciou uma funcionária da Riachuelo por discriminação, contou sua versão do ocorrido e desabafou sobre sua vida após a repercussão do caso.

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No dia 16 de novembro, no Shopping Boulevard, em Feira de Santana, Gurgel compartilhou um vídeo expressando insatisfação com o atendimento na loja Riachuelo, declarando que sofreu discriminação por causa do seu filho. Segundo ela, a atendente teria dito a uma colega que não queria atender "bombas" novamente. Para a mãe, a mulher estava se referindo à criança.

"Quando eu entrei [na loja], o meu filho já apresentou uma agitação por conta da escada rolante, também tinha muita gente, e aí eu decidi agilizar esse atendimento para que depois procurar o caixa preferencial e ir embora rapidamente, e assim fiz", inicia.

"Procurei o caixa preferencial, mostrei a identificação do meu filho, que nos dá o direito do atendimento prioritário, e a moça falou que naquele momento não poderia me atender, me dirigindo para outro caixa. Ao chegar no outro caixa, visivelmente eu percebi que a atendente estava séria, ela questionou a colega porque me passou para esse atendimento (...) naquele momento que eu estava guardando o meu cartão na minha bolsa, ela deu um passo atrás e falou em voz alta para outra colega 'não me passem mais essas bombas, não'. Todas as pessoas que estavam na fila ouviram, e inclusive a caixa que havia me direcionado até a ela", explica.

Segundo Karla, ela chegou a questionar à atendente se ela estava falando do seu filho e perguntou do que se tratava a "bomba".

"Perguntei pra ela, 'moça, essa frase que você falou, foi comigo?'. Ela disse 'não, eu estava cobrando uma coisa que a minha colega está me devendo'. E nesse momento eu dei a oportunidade de ela falar a respeito do que ela estava tratando, mas não me foi falado nada. Eu percebi que era uma desculpa", argumentou.

Karla também declarou ter falado com a gerente, mas como resposta, apenas ouviu a frase "eu não posso fazer nada". Ela conta que, nesse momento, decidiu gravar um vídeo denunciando o caso.

Karla conta ainda que após a gravação, não recebeu qualquer apoio. "Ninguém se dirigiu até a mim para reverter a situação, para me explicar novamente que aquilo não foi comigo. Fizeram de conta que nada estava acontecendo. Eu saí totalmente magoada, revoltada".

Redes sociais

A mãe conta que vem recebendo duras críticas na redes sociais, a culpando pela demissão da funcionária e pelas dificuldades as quais ela vem passando. De acordo com Karla, contudo, a denúncia jamais foi feita diretamente à trabalhadora, mas à empresa.

"Eu vejo, na minha opinião, que quando eu registro todo aquele vídeo, eu estou cobrando da empresa. Porque quando uma pessoa está vestida com uma farda dentro de uma empresa do porte da Riachuelo, ela não é pessoa física, ela é empresa. Então faltou ética profissional, faltou o preparo dessa equipe para atender o cliente, principalmente nós, mães, de crianças autistas, de crianças com deficiência, de pessoas que precisam desse atendimento acolhedor, isso não foi dado a mim", declarou.

Psicóloga e pedagoga, Karla afirma que, no vídeo, "gritou" para lutar por empatia, respeito e inclusão.  "Eu estou fazendo isso pelo meu filho e por todas as crianças que já passaram por isso e que as mães se calaram e choraram depois de serem ignoradas, atendidas de forma errada, negadas aos seus direitos", declarou.

"Até quando eu vou ter que sofrer de novo? Porque eu sofri a primeira vez, estou sofrendo julgamentos de pessoas que nem lá estavam, não estavam lá para me ouvir, para me ver e não podem julgar o que vocês não viram. A Riachuelo tem câmeras de monitoramento e tudo pode ser esclarecido diante dessas imagens", desabafou Karla Gurgel.

Classificação Indicativa: Livre

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