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Professora agride aluno autista e admite crime: “Não aguento mais a cara daquele inferno daquele guri”

Foto: Arquivo Pessoal
Agressão a aluno autista teria acontecido no mês de agosto deste ano  |   Bnews - Divulgação Foto: Arquivo Pessoal

Publicado em 18/10/2022, às 13h42   Cadastrado por Luiz San Martin


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Uma professora admitiu ter agredido um aluno autista de seis anos de idade, em uma escola na cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. O menino, diagnosticado com transtorno do espectro do autista, teria sido agredido pela professora no dia 11 de agosto deste ano, porém o boletim de ocorrência só foi registrado pela escola no dia 23 do mesmo mês.

De acordo com a Polícia Civil, a professora, identificada como Vanessa Maciel Pereira, foi indiciada por “praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência” e por lesão corporal. Ainda de acordo com a PC, a investigação foi finalizada após 15 depoimentos serem feitos, além da junção de documentos que foram reunidos pelo inquérito.

O episódio veio a público após um áudio da professora vir a público. “Não aguento mais a cara daquele inferno daquele guri. Eu peguei a toalhinha dele, cada vez que ele vinha para cima de mim me cuspir, eu enfiava aquele pano na cara dele (...) Gurias, ele se jogava no chão e dizia 'não me mata, profe, não me mata”, disse a mulher no áudio.

Ainda no áudio, a professora diz que a criança “surtou” porque ela havia falado que um casaco não era dele, e sim de um colega. Ainda de acordo com a suposta agressora, o menino puxou sua roupa e a cuspiu, então ela pegou a toalha de lanche dele e “enfiava” na cara do aluno. “Eu me descontrolei de um jeito assim, ó, não é nem descontrole, tá? É que eu já tô p***, já, não aguento mais a cara daquele inferno daquele guri”, disse no mesmo áudio.

Após a escola tomar ciência do fato, a professora foi demitida da instituição, mas a mãe do menino não se conformou com o desfecho do caso, considerando a pena branda. Ela indiciou professora por tentativa de homicídio, de acordo com o portal UOL. Porém, a delegacia do caso afirmou que “não teve dolo [intenção] de matar”, apesar da atitude ter sido considerada crime.

Ainda de acordo com a mãe do aluno, a escola tentou esconder a gravidade da situação. Ela disse que não tinha conhecimento do áudio até esta semana, quando decidiu por tirar seu filho da instituição de ensino. “Eles me chamaram três vezes lá, para assinar uma ata e em nenhum momento me falaram desse áudio”, disse ao UOL.

Nas redes sociais, a escola publicou uma nota oficial afirmando que agiram com rapidez e precisão comunicando o caso aos órgãos competentes. Ainda de acordo com a instituição, foram prestadas toda assistência e apoio ao aluno e sua família.

Também em nota oficial, o advogado da professora afirmou que “em mais de 20 anos de docência, Vanessa lidou com diversos alunos especiais e jamais praticou qualquer ato de discriminação”.

Confira a nota na íntegra:

A Defesa da Professora Vanessa Maciel Pereira manifesta que, desde que tomou ciência da existência de uma investigação sobre os fatos, passou a colaborar ativamente com a delegacia responsável, fornecendo diversas provas que demonstram a inconsistência das acusações e requerendo diligências imprescindíveis à correta compreensão do ocorrido. Em mais de 20 anos de docência, Vanessa lidou com diversos alunos especiais e jamais praticou qualquer ato de discriminação, contando com o reconhecimento das escolas pelas quais passou e de muitos pais. Na realidade, não havia uma orientação clara e adequada do colégio em questão sobre como conter as crises do aluno, que frequentemente eram minimizadas pela direção para sua família. Certo é que a professora solicitou auxílio inúmeras vezes e viu-se obrigada a permanecer lidando com a situação para manter seu emprego, mesmo sem possuir uma formação específica para atendimento educacional especializado. Porém, em momento algum, a professora agrediu o aluno; apenas - e lamentavelmente - precisou defender-se sozinha, de forma proporcional e com os meios disponíveis, de mais um ataque, sem qualquer apoio de sua supervisão. O áudio encaminhado pela professora em grupo privado de colegas foi um desabafo pelo desprezo com que vinha sendo tratada há vários meses e apenas confirma que agiu em legítima defesa. Vanessa e sua Defesa técnica seguem à disposição das autoridades para esclarecer e trazer à tona a verdade, na medida que, até o momento, houve uma tentativa de tirar o foco da omissão do colégio diante dos pedidos de socorro da professora.

Classificação Indicativa: Livre

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