Coronavírus

Servidores de saúde em grupo de risco da Covid-19 temem contágio e questionam medida da Sesab

Arquivo / BNews
Uma servidora relatou ao BNews que tem mais de 65 anos e doença respiratória  |   Bnews - Divulgação Arquivo / BNews

Publicado em 06/04/2020, às 20h59   Tamirys Machado


FacebookTwitterWhatsApp

Servidores estaduais que atuam na área de saúde e pertencem ao grupo de risco do coronavírus, questionam a medida do Governo Estadual em mantê-los nas unidades hospitalares. Em contato com o BNews, a técnica de enfermagem, de 64 anos, que preferiu não se identificar, possui Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), e conta que, após sentir sintomas do coronavírus procurou a medicina do trabalho da hospital que trabalha e foi informada que seria submetida ao exame para diagnosticar o vírus. A funcionária foi afastada durante cinco dias, porém, após o resultado negativo, ela retornou ao ambiente de trabalho. Os testes da Covid-19 são feitos em todos os servidores de saúde que apresentem sintomas. 

A servidora teme contágio já que pertence ao grupo de risco e trabalha em um setor de alta periculosidade. "A sensação é de insegura total. É como se estivessem esperando que a gente fique doente e morra. Não existem medidas preventivas para grupos de riscos. Entendo que existem serviços essenciais, mas a vida de todos importam. É necessário remanejamento entre setores, sei lá, alguma medida que proteja os mais vulneráveis que trabalham nas unidades de saúde. O afastamento só se dá a partir da confirmação da presença do vírus”, disse à reportagem, nesta segunda-feira (6).

Outra funcionária de uma unidade hospitalar, de 66 anos, que pediu preservação do nome, passa por um tratamento contra o câncer e não foi liberada das funções. Ela solicitou o afastamento na medicina do trabalho, mas foi negado. A enfermeira questiona que “não existe maneira preventiva para funcionários de risco dentro da saúde”. “A Sesab não tem aceitado auto declaração, nem laudos médicos que indiquem o risco”, disse. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, fazem parte dos grupos mais suscetíveis ou vulneráveis à contaminação: Idosos (acima de 60 anos); pessoas com doenças crônicas (insuficiência renal, doença respiratória), doenças cardiovasculares, diabéticos, hipertensos, fumantes; pessoas com imunidade mais baixa ou saúde já debilitada; profissionais da área da saúde. 

A reportagem procurou a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e foi informada que “a recomendação válida no momento está no decreto do governador Rui Costa, de 16 de março. As medidas não se aplicam "aos órgãos ou às entidades que, por sua natureza ou em razão do interesse público, desenvolvam atividades de indispensável continuidade, bem como aos servidores públicos estaduais da área de saúde".

O Decreto nº 19.528 DE 16 DE MARÇO DE 2020 “Institui, no âmbito do Poder Executivo Estadual, o trabalho remoto: I - servidores que tenham 60 (sessenta) ou mais anos de idade; II - servidores que tenham histórico de doenças respiratórias e doenças crônicas; III - servidoras grávidas; IV - servidores que utilizam medicamentos imunossupressores.  Porém, o decreto estadual não se aplica a servidores da área de saúde. o inciso 3º determina que “ O disposto neste artigo não se aplica aos órgãos ou às entidades que, por sua natureza ou em razão do interesse público, desenvolvam atividades de indispensável continuidade, bem como aos servidores públicos estaduais da área de saúde”.

Questionada pela reportagem se há medidas de prevenção por parte da Sesab aos profissionais de saúde, a assessoria afirmou que o órgão encaminhou uma “nota técnica sobre Procedimentos Para Trabalhadores De Saúde Da Sesab Com Suspeita De Covid-19 E Contactantes Da Área De Saúde”. Até o fechamento da matéria, a Sesab não respondeu se há análise de casos especiais, como os citados na matéria.  

Nesta semana, a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg)  confirmou a morte de uma técnica de enfermagem e laboratório do Hospital do Coração de Goiânia.  No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou 553 mortes pelo novo coronavírus. Até o momento são 12.056 casos confirmados no país 

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp