Coronavírus

Após ser criticada por fabricante da Sputnik V, Anvisa reafirma riscos em vacina contra Covid-19

Marcelo Camargo / Agência Brasil
Agência negou pedido de importação do imunizante da Rússia na segunda-feira   |   Bnews - Divulgação Marcelo Camargo / Agência Brasil

Publicado em 29/04/2021, às 18h17   Redação BNews



Desde que resolveu negar o pedido de importação da vacina contra a Covid-19, a Sputnik V, na segunda-feira (26), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem sido duramente criticada pelos representantes do Instituto Gamaleya, na Rússia, responsável pelo imunizante. As informações são da CNN. Após a negativa, o grupo acusou o órgão nacional de agir sob pressão política dos Estados Unidos. 

À imprensa, a Anvisa reafirmou os riscos de segurança que basearam a decisão e exibiu documentos e trechos de reuniões gravadas em que técnicos do Gamaleya admitiram a possibilidade de presença de adenovírus replicantes na Sputnik V.

Segundo a Anvisa, a presença dos adenovírus reaplicastes é 300 vezes maior do que o orientado pelo FDA, seu equivalente nos Estados Unidos, o que pode provocar doenças e atingir tecidos e órgãos do corpo humano.

A agência afirmou ainda que remeteu os resultados de sua avaliação técnica a outras autoridades regulatórias estrangeiras e também à Organização Mundial da Saúde (OMS). 

"A Anvisa foi acusada de mentir, de atuar de maneira antiética e de produzir fake news sobre a identificação do adenovírus replicante em documentos que tratam da vacina Sputnik V, objeto da decisão que não autorizou a importação excepcional da vacina para o uso na nossa população", relatou Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa. 

Os diretores do instituto, contudo, exibiram também trechos da reunião entre os técnicos da Anvisa e representantes da Sputnik V. Os registra mostram técnicos da agência questionando os desenvolvedores sobre o porquê do processo não ter sido refeito de forma que os adenovírus fossem impedidos de se replicarem. 

Na ocasião, os desenvolvedores responderam à questão em russo, e a tradutora explicou que o Gamaleya usou uma "linha de células caracterizada, o que pode ser seus defeitos" e disse ainda que os técnicos brasileiros "têm razão" ao afirmar que o processo poderia ter sido refeito com o uso de uma nova substância capaz de impedir a replicação dos adenovírus. Contudo, para a tratadora, o processo poderia ter ocupado muito tempo, o que teria levado à escolha pela mesma substância usada inicialmente. 

Gerente-geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, informou que, após a reunião, os russos enviaram à Anvisa novos documentos, mas que as justificavas apresentadas não contemplaram as questões consideradas críticas pelos brasileiros. 

"O que norteia a análise técnica é que as vacinas precisam ser seguras. Uma vacina tem que proteger, uma vacina não pode causar nenhum dano. E essa avaliação é feita com base em critérios técnicos que mostram que não há presença, por exemplo, de um adenovírus replicando numa vacina que diz que é de adenovírus não replicante", concluiu o gerente geral. 

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