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Pacientes com risco de desenvolver câncer de pulmão devem recorrer a rastreamento precoce, aponta estudo

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Câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 28/05/2021, às 17h44   Redação BNews


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Uma recomendação recente da Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF, na sigla em inglês) orienta que fumantes ou ex-fumantes e pessoas que apresentem fatores de risco do câncer, com idade entre 50 e 80 anos, a avaliar, juntamente com sua equipe médica, os benefícios e malefícios de passar por exames que possam ajudar a descobrir a doença antes da sua progressão. 

Foi o que fez a cantora Rita Lee, de 74 anos, foi diagnosticada com um tumor no pulmão esquerdo no último dia 20, após passar por exames de rotina em São Paulo. Com histórico de câncer na família, a cantora chegou a retirar as mamas em 2010, como forma de se prevenir contra a doença.

Contudo, de acordo com a oncologista Samira Mascarenhas, integrante do grupo “Mulheres na Oncologia”, em razão dos riscos ligados à investigação, a decisão de fazer ou não o exame precoce deve ser discutida entre o paciente e o médico. 

A recomendação é também baseada em evidências científicas sólidas e foi publicada no jornal americano Journal of the American Medical Association (JAMA), orientando fumantes ou pessoas que pararam de fumar há menos de 15 anos a fazerem anualmente uma tomografia computadorizada de tórax com baixa dose de radiação para rastrear o câncer de pulmão.

Tabagismo 

De acordo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pulmão é o é o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade, além de ser o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil. Ao todo, 13% dos novos casos de câncer são de pulmão. Apesar disso, devido a redução do tabagismo, a taxa de incidência da doença vem diminuindo desde meados da década de 1980 entre homens e desde os anos 2000 entre as mulheres. Em cerca de 85% dos casos, o tumor está associado ao consumo do tabaco e seus derivados.

Ainda de acordo com a oncologista Samira Mascarenhas, o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento da doença, mas “também é preciso considerar a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fibrose pulmonar; exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, história familiar de câncer de pulmão ou de alguns outros tipos de câncer e contato prolongado do paciente com alguns agentes, como urânio, cromo, radônio, asbesto e sílica”, explica.

A doença não costuma apresentar sintomas até que o câncer esteja avançado, contudo, algumas pessoas com câncer de pulmão em estágio inicial podem apresentar sintomas como tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, rouquidão, piora da falta de ar, perda de peso e de apetite, pneumonia recorrente, bronquite, cansaço ou fraqueza. No caso dos tabagistas, o ritmo habitual da tosse é alterado e aparecem crises em horários incomuns. Como forma de se prevenir contra a doença, é importante evitar o fumo, além do tabagismo passivo e da exposição a agentes químicos.

Diagnóstico 

O câncer de pulmão pode ser detectado por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença ou por meio de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas, mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença. Raio-X do tórax e tomografia computadorizada são os exames iniciais para investigar casos suspeitos. 

Um dos exames necessários para diagnóstico é a broncoscopia (endoscopia respiratória), que geralmente é feita para avaliar a árvore traquebrônquica e, eventualmente, permitir a biópsia (retirada de pedaços do tumor com uma agulha para exame). Uma vez confirmada a doença, é feito o estadiamento, que avalia o estágio de evolução, ou seja, se a doença está restrita ao pulmão ou disseminada para outros órgãos. O estadiamento é feito através de exames como biópsia pulmonar guiada por tomografia, biópsia por broncoscopia, tomografia de tórax, ressonância nuclear, PET-CT e cintilografia óssea, entre outros.

Tratamento 

Pessoas diagnosticadas com o câncer  devem recorrer a um grupo multidisciplinar, formado por oncologista, cirurgião torácico, pneumologista, radio-oncologista, radiologista intervencionista, médico nuclear, enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista e assistente social. Já os pacientes com doença localizada sem linfonodo (gânglio) aumentado (íngua) na região entre os dois pulmões (mediastino), podem contar com o tratamento cirúrgico, seguido ou não de quimioterapia e/ou radioterapia. Aqueles com a doença localizada no pulmão e nos linfonodos podem realizar o tratamento através de radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo.  Pacientes que apresentam metástases são indicados ao tratamento com quimioterapia ou, em alguns casos, com medicação baseada em terapia-alvo.

“O tratamento, que depende do tipo histológico e do estágio da doença, precisa ser, necessariamente, personalizado”, acrescentou a oncologista Samira Mascarenhas, uma das autoras do artigo científico “Perfil genômico abrangente de pacientes brasileiros com câncer de pulmão de células não pequenas”, publicado este ano na Revista Thoracic Cancer.

Classificação Indicativa: Livre

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