Coronavírus

Franco contraria Butantan e vídeo de Bolsonaro e afirma que negociações da Coronavac nunca pararam

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"As tratativas não pararam", garantiu o depoente  |   Bnews - Divulgação Arquivo/Agência Brasil

Publicado em 09/06/2021, às 13h36   Folhapress


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Em depoimento à CPI da Covid, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde e atualmente assessor especial da Casa Civil Élcio Franco apresentou uma versão que choca frontalmente com a versão dada pelo Instituto Butantan, afirmando que as negociações para a compra da Coronavac nunca pararam.

Franco, assim, repete o argumento do ex-ministro Eduardo Pazuello, que afirmou que nunca houve ordem do presidente Jair Bolsonaro para interromper as negociações, apesar do vídeo mostrando a ordem de Bolsonaro. Além disso, em outro vídeo, Pazuello afirmou que "um manda, e o outro obedece".
Em depoimento à CPI, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, garantiu que as negociações foram interrompidas após esse episódio.

"Todas essas negociações que ocorriam com troca de equipes técnicas, com troca de documentos, a partir desse momento, elas foram suspensas. Quer dizer, houve, no dia 19 [de outubro], um dia antes da reunião com o ministro, um documento do ministério que era um compromisso de incorporação, mas, após, esse compromisso ficou em suspenso e, de fato, só foi concretizado em 7 de janeiro", afirmou.
Franco evitou falar que Dimas mentiu à CPI, mas manteve o argumento de Pazuello.

"Eu acredito que foi uma questão de percepção do doutor Dimas Covas. Mas a área técnica estava sempre acompanhando o desenvolvimento da vacina", afirmou.

"As tratativas não pararam e, inclusive, continuamos cobrando dados técnicos dos estudos clínicos. E inclusive, o Butantan demorava a reportar o que estávamos precisando", completou.

CORONAVAC

Em depoimento à CPI da Covid, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde e atualmente assessor especial da Casa Civil Élcio Franco afirmou que a pasta não comprou a Coronavac antes, apesar das ofertas, porque ela ainda se encontrava na fase 3 de estudos clínicos.

Franco afirmou que essa fase é considerada "cemitério de vacinas", por haver muita incerteza sobre o sucesso da vacina. Além disso, o coronel afirmou que a legislação brasileira não permitia na ocasião a compra de vacinas e medicamentos sem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A mudança na legislação se deu apenas no dia 6 de janeiro, com a edição de uma medida provisória. Franco não explicou diretamente por que a medida provisória não foi editada antes.

Franco também afirmou que a Coronavac não poderia ser enquadrada no caso de encomenda tecnológica, como se deu com a vacina da Astrazeneca.

A AstraZeneca usa a tecnologia do adenovírus, que não existia ainda, explicou o coronel. Ele afirmou ainda que, por isso, segundo a legislação brasileira, é possível fazer uma encomenda tecnológica. 

A vacina do Butantan utiliza a tecnologia de vírus inativado, que já é usada pelo Butantan. Então não se enquadra na encomenda tecnológica.

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