Justiça

Possível suspensão do WhatsApp foi cassada por desembargador do Piauí

Publicado em 27/02/2015, às 15h50   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



Nesta quinta-feira (26), a população foi pega de surpresa com a possibilidade da suspensão temporária em todo o Brasil do acesso ao aplicativo de troca de mensagens instantâneas WhatsApp. Porém, o desembargador Raimundo Nonato da Costa Alencar, do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI), cassou a decisão do juiz Luiz Moura Correia, em mandado expedido no último dia 11, e vetou a possibilidade dos brasileiros “sobreviverem” sem o aplicativo.
Alencar entendeu que o mandado judicial é "sem razoabilidade", por suspender um serviço “que afeta milhões de pessoas, em prol de investigação local”, conforme sumário publicado no site do tribunal.
Na quarta-feira (25), a decisão do juiz Luiz Moura Correia foi recebida com surpresa pelo setor de telecomunicações, que considerou a medida desproporcional, segundo nota divulgada pelo Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil).
A notícia ganhou repercussão nas redes sociais e inspirou memes entre os internautas. No Facebook, piadas relacionadas a decisão geraram milhares de compartilhamentos na manhã de ontem. Entre os memes mais postados estão do ator Charlie Sheen e da presidente Dilma Rousseff. Em outros os internautas mostram imagens de desespero caso o WhatsApp seja mesmo proibido de funcionar no país.
Apesar da possível suspensão ser caçada, a Polícia Civil informou que vai solicitar novas medidas judiciais, que ainda estão sendo estudadas. O objetivo, segundo o órgão policial, não é bloquear o aplicativo, mas obter as informações necessárias que estão sendo solicitadas desde 2013 aos responsáveis pela empresa.
A delegada Kátia Esteves, que comanda a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, designada para chefiar as investigações, ao falar nesta quarta-feira com a imprensa sobre a decisão do juiz, foi indagada se os processos estão relacionados a investigações sobre denúncias de exposição de imagem de crianças e adolescentes na rede social. Ela, no entanto, não confirmou a informação. De acordo com a polícia, o caso está sob segredo de Justiça.
No começo da noite, o Tribunal de Justiça do Piuaí divulgou nota confirmando que a investigação que levou ao pedido de suspensão do Whatsapp está relacionada à denúncia de crime de pedofilia. "Um provável crime de pedofilia, envolvendo a divulgação de imagens de menores, que seriam estudantes de colégios particulares de Teresina", diz o tribunal. A nota também esclarece que Alencar concedeu, monocraticamente, liminar em favor da Global Village Telecom S.A., Empresa Brasileira de Telecomunicações S.A (Embratel) e Claro S. A.
Mais cedo, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) disse que todas as empresas representadas recorreram ou irão recorrer da decisão. Entre elas, a Oi, Tim e Vivo.
Nesta quinta-feira, o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, comentou sobre a decisão do juiz da Central de Inquéritos da Comarca de Teresina. Ele disse que o aplicativo Whatsapp deve cumprir as determinações judiciais no Brasil: “As empresas que operam no Brasil, como o Whatsapp e o Facebook, devem fornecer informações por requisição judicial, não há dúvida. Mas a solução não é o bloqueio do serviço”, ressaltou.

Publicada originalmente dia 27 de fevereiro de 2015 às 8h25

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