Justiça

Pedidos de vista param 225 ações no STF

Publicado em 06/11/2016, às 08h28   Redação Bocão News (@bocaonews)


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O Supremo Tribunal Federal (STF) tem 225 pedidos de vista distribuídos entre seus 11 ministros, segundo dados oficiais atualizados nesta sexta-feira (4). O último a entrar na conta foi o do ministro Dias Toffoli, que na sessão plenária de anteontem pediu mais tempo para analisar ação em que se discute se réus em ação penal podem ocupar cargos que estão na linha sucessória da Presidência da República. A informação foi divulgada pelo jornal Estadão.
A publicação afirma que se não tivesse pedido, já estaria valendo a maioria estabelecida de seis votos contra a posse de réus, o que colocaria em risco o cargo do presidente do Senado, Renan Calheiros, que responde a 11 inquéritos na Corte e uma denúncia está pendente de análise. Com mais esse, Dias Toffoli tem 18 pedidos de vista, segundo informou seu gabinete.
O jornal explica que são os “perdidos de vista”, para usar a expressão cruelmente jocosa do ministro Marco Aurélio Mello. Ou os pedidos de “vista grossa”, como já brincou o ex-ministro Ilmar Galvão. As piadas metem o dedo na ferida: os ministros do Supremo, ontem como hoje, com pontualíssimas exceções, desrespeitam todos os prazos legais para a devolução dos pedidos de vista. Começando pelo princípio constitucional que assegura a celeridade do processo, avançando pelo Código de Processo Civil – máximo de 20 dias, artigo 940 – e pelo seu próprio regimento interno. Este, no artigo 134, estabelece, para a devolução, o prazo de duas sessões ordinárias. Ainda há a resolução 202, de 2015, do Conselho Nacional de Justiça, com o prazo máximo de 20 dias.
“O pedido de vista tem sido usado pelos ministros do Supremo como um poder absoluto, incompatível com a democracia. Eles desrespeitam os prazos do próprio regimento do Supremo, como se desrespeitassem a si próprios”, disse ao Estado o jurista Joaquim Falcão, da Fundação Getúlio Vargas do Rio, que coordena o projeto Supremo em Números. Pelos dados do projeto, apenas 20% dos pedidos respeitam o prazo regimental máximo, informou Falcão. Os que ultrapassam o prazo duram, em média, 443 dias.
Na Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental – como a que Toffoli pediu vista – a média de demora para a devolução é de 1,9 ano, segundo a FGV. “Como o regimento não estabelece punição, usa-se e abusa-se do pedido de vista”, diz Falcão.
Publicada originalmente dia 5

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