Justiça

MPF denuncia Glenn Greenwald e mais seis por crime de invasão de celulares de autoridades brasileiras

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Jornalista do The Intercept Brasil, contudo, não foi indiciado pela Polícia Federal   |   Bnews - Divulgação Fotos Públicas

Publicado em 21/01/2020, às 12h58   Redação BNews


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O Ministério Público Federal (MPF) denunciou na manhã desta terça-feira (21), por meio da Operação Spoofing, sete pessoas por crime de invasão de celulares de autoridades brasileiras, incluindo o jornalista do The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, coautor da série de reportagens que ficou conhecida como Vaza Jato. 

Glenn, contudo, não foi indiciado pela Polícia Federal, o que daria início às investigações contra ele.Em agosto do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, proibiu as autoridades investigassem o jornalista, em defesa da sua atuação profissional, resguardada pelo princípio da liberdade de imprensa.

Para o MPF, o jornalista americano teria auxiliado, incentivado e orientado o grupo de hackers. As práticas denunciadas pelo MPF incluem além das interceptações telefônicas, crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, a denúncia relata que a organização criminosa praticava crimes cibernéticos como fraudes bancárias, que ficou de fora da peça, invasão de dispositivos eletrônicos e lavagem de dinheiro.

Walter Delgatti Netto e Thiago Eliezer Martins Santos atuavam como mentores e líderes do grupo. Danilo Cristiano Marques era “testa-de-ferro” de Walter, disponibilizava meios materiais para que o líder executasse os crimes. Gustavo Henrique Elias Santos era programador, e teria desenvolvido técnicas que permitiram a invasão do Telegram e perpetrava fraudes bancárias.

Suelen Oliveira, esposa de Gustavo, agia como laranja e “recrutava” nomes para participarem das falcatruas. E, por fim, Luiz Molição invadia terminais informáticos, aconselhava Walter sobre condutas que deveriam ser adotadas e foi porta-voz do grupo nas conversas com Greenwald . O organograma abaixo divulgado pelo MPF ilustra o esquema:

De acordo com órgão, o jornalista não era alvo das investigações. No entanto, durante a análise de um notebook apreendido na casa de Walter Degatti, foi encontrado um diálogo entre Luiz Molição e Glenn, que teria ocorrido logo após a divulgação na imprensa de que o ministro da Justiça, Sergio Moro, havia sido hackeado. 

O MPF diz que Molição deixa claro que as invasões e o monitoramento das comunicações telefônicas ainda eram realizadas e pede orientações ao jornalista sobre a possibilidade de “baixar” o conteúdo de contas do Telegram de outras pessoas antes da publicação das matérias pelo site The Intercept. 

Greenwald, então, recomenda que o grupo criminoso apague as mensagens repassadas para o jornalista para não vinculá-lo ao material ilícito, “caracterizando clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos”. A postura, de acordo com o MPF, contraria o depoimento inicial de Glenn, que negava ter recebido o material de origem ilícito enquanto a organização ainda praticava as invasões.

No documento enviado à 10ª Vara de Justiça Federal, Wellington Oliveira enaltece a "liberdade da imprensa" como "pilar" do Estado democrático e ressalta que a publicação do conteúdo sem participação na obtenção do material ilícito, é válido dentro da prática jornalística. Contudo, alega que Glenn extrapolou este limite ao sugerir ações que dificultassem a investigação e reduzir a sua responsabilidade criminal com o caso.

Luiz Henrique Molição, que teria entrado em contato com Glenn, firmou acordo de delação premiada com o órgão, a fim de ter redução na sua pena, mas o celular entregue por ele estava vazio, sem mensagens. Mas, como ele deu outras declarações que reforçaram a participação de Thiago Eliezer no esquema, o MPF pediu a redução da sua pena em 2/3 em regime aberto.

As investigações permanecem na tentativa de esclarecer se as invasões geraram lucros financeiros e se elas vão prosseguir. Desta maneira, o MPF pediu que Walter Delagatti e Thiago Eliezer dos Santos sigam presos.

A denúncia será encaminhada à Procuradoria-Geral da República, na tentativa de revogar a liminar que impede a investigação sobre a atuação de Glenn Greenwald. Em agosto do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, proibiu as autoridades investigassem o jornalista, em defesa da sua atuação profissional, resguardada pela Constituição.

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