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‘Naturalizar o crime sexual é estuprar a Justiça’, define secretária de Políticas para as Mulheres

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A situação humilhante à qual a influenciadora Mariana Ferrer foi submetida causou indignação também em Julieta Palmeira  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 03/11/2020, às 20h17   Márcia Guimarães


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A situação humilhante à qual a influenciadora Mariana Ferrer foi submetida, durante audiência em que acusava o empresário André de Camargo Aranha de estupro de vulnerável, causou indignação e surpresa também na secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Julieta Palmeira. Na avaliação dela, a naturalização do crime sexual revela o machismo estrutural e a cultura do estupro enraizados no Brasil.

Mariana foi ridicularizada pelo advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que defende Aranha, sem que o juiz Rudson Marcos tomasse qualquer providência para encerrar os ataques. Por sua omissão, o magistrado foi denunciado e será avaliado pela Corregedoria Nacional de Justiça.

“Vemos uma cultura que, no geral, transforma a mulher em culpada, mesmo ela sendo a vítima. É como se nós, mulheres, criássemos as condições para o estupro. No caso da Mariana, é como se a Justiça tivesse sido estuprada quando tentaram impor essa situação de estupro culposo. Isso não existe! Foi uma forma de não condenar alguém envolvido com o estupro”, analisou Julieta.

Ela diz que o vídeo da audiência, divulgado pelo The Intercept Brasil, mostra nitidamente a injustiça sofrida pela influencer. “Toda a minha solidariedade a Mariana. Precisamos mobilizar as instituições e a sociedade para que não haja a naturalização da violência. Não há justificativa para esse tipo de postura”, acrescentou a secretária.

Ferramenta de apoio

Na Bahia, a Secretaria estadual de Políticas para as Mulheres lançou o “Zap Respeita as Mina”. Através do (71) 99909-9322, as vítimas de violência doméstica, familiar ou de outros tipos de agressão à mulher podem receber orientações e denunciar os crimes.

A ferramenta utiliza inteligência artificial para gerar respostas e permite o acesso por mensagem a atendentes em contato direto com o serviço 190 da Polícia Militar para os casos de emergência. Quando há estupro, por exemplo, o indicado é que as vítimas sejam levadas a uma unidade de saúde ao invés de ir logo para a delegacia prestar queixa.

“Através dessa ferramenta que atende toda a Bahia, podemos acolher a situação de urgência que envolva o rompimento de integridade física da mulher, por exemplo. Em tempo real, as atendentes procederão com o apoio à mulher, como chamar uma viatura ou encaminhar para uma unidade de saúde ao invés de ir logo para a delegacia. É uma forma de buscar que a mulher sinta uma proteção mais efetiva”, explicou Julieta. 


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