Justiça

Processos revelam estrutura e funcionamento do Escritório do Crime

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Grupo de assassinos de aluguel criado em 2009 era liderado pelo o ex-policial militar Adriano da Nóbrega - morto em fevereiro de 2020 na Bahia   |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 12/12/2020, às 18h03   Redação BNews


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Matéria publicada pela revista Veja neste final de semana revela detalhes da estrutura e funcionamento do Escritório do Crime, grupo de assassinos de aluguel criado em 2009 por milicianos da Zona Oeste do Rio de Janeiro. O grupo era liderado pelo o ex-policial militar Adriano da Nóbrega. 

Nóbrega foi assassinado durante operação da Polícia Militar realizada em Esplanada, no nordeste da Bahia, em fevereiro deste ano. Seu nome, bem como o de familiares seus, é citado no processo que investiga suposto esquema de rachadinha no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) na época que este ainda era deputado estadual.

A revista teve  acesso à íntegra de dois processos, e um deles - que tramita em segredo de justiça - revela em detalhes os negócios ilícitos da gangue, seu nível de estrutura e sua influência no modo de agir de facções.

Segundo o periódico, o Escritório do Crime tem cinco as fontes da renda: construções ilegais, exploração de máquinas caça-níquel, agiotagem, extorsão e mortes por encomenda. 

Os processos também revelam que o Escritório era composto de cerca de setenta “funcionários”, divididos em sete núcleos - lideranças, gerentes, seguranças, policiais corruptos, divisão financeira, secção imobiliária e laranjas.

As reuniões ocorriam em um apartamento em cima de uma padaria na localidade de Rio das Pedras, dentro do bairro Itanhangá, na Zona Oeste. Cada execução envolvia aproximadamente cinco homens armados, com metralhadoras e pistolas.

De início, eles matavam principalmente desafetos de bicheiros, usando táticas do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), de onde Nóbrega é egresso. O grupo praticava homicídios bem planejados, costumavam mapear a casa e o trabalho das vítimas, observando suas rotinas e redes sociais. 

O processo disseca onze crimes, entre 2011 e 2018. Eles usavam gorros, roupas camufladas e veículos clonados, mas não tinham problema em agir à luz do dia em locais públicos, diante de câmeras de segurança. Um dos métodos de execução preferidos era o tiro de fuzil no rosto. Cada encomenda custava entre R$ 100 mil e R$ 1,5 milhão.

A revista também salienta que Nóbrega, quando ainda era PM, ocupava o posto de líder do grupo até ser expulso em 2014 — época em que o Escritório ganhou corpo. “Além de liderar uma das maiores organizações criminosas do Rio de Janeiro, Adriano exercia forte influência sobre o bando, o qual nutria verdadeira reverência à sua representatividade no submundo do crime”, relata o documento.

Classificação Indicativa: Livre

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