Justiça

SBT é condenado por promover diversão com assassinato de jovem em quadro com "bruxos" e "videntes"

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O crime foi cometido em 2008 pelo chamado "Maníaco de Guarulhos" e usado no programa "Domingo Legal" em 2014  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 05/04/2021, às 11h25   Redação BNews


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A emissora SBT foi condenada a pagar indenização de R$ 50 mil por causa de um quadro do programa "Domingo Legal", exibido em 2014. A atração comandada por Celso Portiollli, promoveu diversão em torno do assassinato de uma jovem, seis anos atrás, o que gerou a condenção do Tribunal de Justiça de São Paulo.

O crime foi cometido em 2008  por Leandro Basílio Rodrigues, conhecido como o "Maníaco de Guarulhos". No quadro chamado "Os Paranormais", o objetivo era escolher o melhor paranormal do país, submetendo os candidatos _bruxos, tarólogos, médiuns e videntes_ a desafios.

 Na busca do prêmio de R$ 50 mil em barras de ouro, os participantes foram levados ao cenário do crime. Com a foto da jovem na mão, eles tinham de "sentir" e revelar detalhes do assassinato, descrevendo os últimos momentos da vítima. Conforme citado no processo, durante o programa, vencido pelo bruxo Edu Scarfon, Portiolli usava frases como "se divirtam assistindo" e "vocês vão se divertir".

A mãe da jovem afirmou que a emissora transformou o brutal assassinato da jovem em brincadeira e entretenimento com objetivo de obter audiência e lucro. "Houve violação da memória da falecida", afirmou à Justiça o advogado Fabricio Raposo, que representa a família. O advogado destaca no processo que a emissora não tinha autorização da família para exibir a foto da jovem, muito menos da forma "desrespeitosa e avacalhada" como o caso foi tratado.

Ao se defender no processo, o SBT disse que, mesmo que a imagem da vítima tenha sido usada em um concurso de videntes, não deixou de ser um "material jornalístico de interesse público".

Afirmou também que a mãe da jovem não conseguiu comprovar que a sua dignidade foi afetada pelo programa. "A bem da verdade, sua dignidade já restara estraçalhada quando soube da morte brutal da filha!", disse à Justiça o advogado Marcelo Migliori, que representa o SBT.

O Tribunal de Justiça não aceitou a argumentação. O desembargador Theodureto Camargo, relator do processo, afirmou que o reality show não teve cunho jornalístico e que a emissora necessitava de autorização para exibir a imagem e o nome da vítima. "O programa criou uma gincana para que os videntes desvendassem o crime."

Cabe recurso à decisão.

Classificação Indicativa: Livre

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