Justiça

Bacharel em Direito, baiano tenta provar na justiça que não é estelionatário

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Lucas Lopes afirma ter sido vítima de golpe em site de vendas na internet  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Facebook

Publicado em 18/08/2021, às 20h04   Redação BNews


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O bacharel em Direito Lucas Ramos de Santana Lopes, 29 anos, tem passado por momentos de aflição, depois de ter feito anúncio de venda de um carro em um famoso site de negócios na internet. Entre os interessados que lhe enviaram mensagem demonstrando vontade de comprar o automóvel, segundo Lucas, estava um golpista que teria simulado intenção no negócio apenas para roubar informações pessoais e cometer uma série de fraudes e estelionatos. Agora, ele enfrenta seis ações judiciais em estados diferentes. 

Natural de Conceição do Coité, a pouco mais de 200 km de Salvador, o jovem colocou em um site de compra e venda, em 2019, o carro do pai para vender. Diversas pessoas começaram a entrar em contato imediatamente, buscando mais informações sobre o veículo e afirmando quererem comprar o bem. 

Lucas Lopes afirma que entre essas pessoas estava uma que mostrou ser bastante séria e que, por uma suposta preocupação em fazer a transação, já que não conhecia o vendedor, teria solicitado dele informações e números de documentos pessoais como garantia de que estava negociando com alguém honesto e de verdade. Ainda segundo a vítima, o golpista se apresentou como sendo um advogado de Roraima e enviou foto da carteira da OAB/RO para se identificar. Após o bacharel em Direito ter enviado suas informações e dados pessoais, o suposto advogado não mais entrou em contato. 

Meses depois, o baiano começou a receber ligações, cobranças e ameaças de morte, através de aplicativos e redes sociais, de pessoas que teriam contratado suposta prestação de serviços com ele. Foi quando descobriu que a essa altura, já era réu em seis processos por estelionato, em estados diferentes, e que, na verdade, foi vítima de golpe. Agora, ele tenta provar na Justiça que sofreu um golpe e não é estelionatário.  

“Tomei conhecimento de seis processos judiciais abertos contra mim, me apontando como estelionatário. Dois com ordem de bloqueio judicial das minhas contas bancárias e bens existentes, dos quais já tive o dissabor de sofrer os bloqueios, sem que me fosse garantido o direto do contraditório e ampla defesa”, afirmou Lucas ao portal Calila Notícias, de Coité. 

O advogado que teria contatado o bacharel em Direito com interesse na compra do veículo, enviando foto de sua carteira da OAB para comprovar a identidade, de fato existe, porém havia caído na mesma fraude antes e enviado seus documentos ao golpista que, com o bacharel em direito, se passou pelo advogado para simular negócio e roubar seus dados. E, depois de conseguir as informações e documentos de Lucas, passou a aplicar novos golpes se passando por ele. 

Segundo Lucas, que tem toda conversa com o estelionatário no WhatsApp, o criminoso, tão logo conseguiu as informações pessoais que pediu, não voltou mais a entrar em contato, e quando começou a receber os processos, conseguiu o contato do advogado de Roraima que afirmou também ter sido vítima do fraudador.  

De acordo com o advogado Leonardo Guimarães, defensor de Lucas, também em conversa com o portal Calila Notícias, ele e a vítima ainda não conseguem precisar o tamanho do dano causado pelo golpista.  

“As vítimas começaram procurar as delegacias de polícia em diferentes estados, outros foram buscar o Poder Judiciário. Em verdade, não sei dizer quantas notícias-crimes têm espalhadas no Brasil e nem quantas se tornaram inquérito, mas sei que existem no mínimo seis processos contra o Lucas. Então, além do prejuízo material, já que está com uma conta bloqueada com saldo de R$ 18 mil sem poder movimentar, ele ainda corre o risco de, em algum momento, algum juiz ter um entendimento que eu não saberia nem como qualificar e expedir um mandado de prisão contra ele”.

Ainda segundo o advogado, chama atenção a atuação do Poder Judiciário que ignora a ausência de provas concretas da atuação de Lucas Lopes nas fraudes. 

“O que tem lá é o relato de uma conversa com um número completamente desconhecido e uma foto do Lucas. Dessa forma é muito fácil para qualquer estelionatário praticar o golpe e sair ileso, porque qualquer individuo pode entrar em uma rede social de qualquer pessoa e salvar a foto, pode comprar uma linha telefônica, criar um aplicativo de mensagens e dizer que ele [estelionatário] é uma pessoa de bem. É preciso que se depure com mais cautela, com mais rigor, e mais do que isso, percorrer o caminho do dinheiro, das transações realizadas, para que se chegue efetivamente nos beneficiários do golpe, porque eu não conheço em todos esses anos de advocacia nenhum estelionatário que use seu nome próprio ou suas contas próprias”. 

O defensor ainda pontua a falta de segurança no site de compra e venda na internet, nos bancos e nas empresas de telefonia. “Se há uma falha, e ela há, e todos nós sabemos disso, e que o Brasil não leva a sério como deveria, ela é do portal que permite o cadastro de pessoas sem confirmar a autenticidade, dos bancos que não mapeiam e nem prestam informações a Receita Federal dos recursos que são depositados, mas está principalmente das operadoras de telefonia e do WhatsApp que não tem um controle rigoroso sobre as negociações que são feitas”. 

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