Justiça

"Judiciário ocupa 'banco dos réus'", diz Eliana Calmon

Imagem "Judiciário ocupa 'banco dos réus'", diz Eliana Calmon
Ministra relatou as dificuldades que encontrou para fiscalizar o TJ-SP  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 26/03/2012, às 09h11   Redação Bocão News


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A ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, disse nesta sexta-feira, 23, que o Judiciário 'está no banco dos réus' pelos momentos difíceis por que vêm atravessando. Ela participa de uma reunião-almoço no Jockey Clube, promovida pelo Instituto dos Advogados de São Paulo.
O tema do encontro da ministra com os advogados são os precatórios, que atormentam grande multidão de credores no País. Por força de Emenda Constitucional 62/09, o Judiciário recebeu a missão de efetuar os pagamentos de precatórios, mas, de acordo com Eliana Calmon, os tribunais não têm estrutura, nem se modernizaram para atender a grande demanda que lhes cabe desde a Constituição de 1988.
Eliana Calmon relatou as dificuldades que encontrou para fiscalizar o TJ-SP, o maior do País. 'Em administração, não é o tamanho que mete medo, nem é o tamanho que dá grandeza', disse a ministra. Segundo ela, 'o que dá grandeza é a humildade de dizer que precisa de ajuda'. Seu recado foi dirigido à ala da toga que resiste à atuação do CNJ.
'O grande papel da Corregedoria é naturalmente a de pulsão disciplinar, e que nós estamos presentes', prosseguiu Eliana Calmon. 'Previne-se a corrupção do Poder Judiciário ensinando-o a ter uma boa gestão. A boa gestão não é privilégio de SP, nem do DF, nem da própria Corregedoria.'
A ministra reiterou: 'Tivemos tantas dificuldades em entrarmos em São Paulo (no TJ). Foi um namoro de quase 1 ano e meio. Vim várias vezes oferecer os préstimos e nunca consegui saber o que estava havendo. Eu entendo a cultura do Poder Judiciário.'
Segundo ela, os 'magistrados acham que o controle externo do poder é um absurdo'. Para Eliana Calmon, a corrupção no Poder Judiciário é um problema de desorganização de gestão. A ministra finalizou ao dizer que finalmente conseguiu abrir a fiscalização no Judiciário de SP.
'É uma lição que aprendi e que SP também aprendeu. Eu fui ousada no momento em que eu disse 'vou entrar em SP' (no Tribunal). Se não for por bem, vai ser por mal. Esta fase passou. Foi entrar em SP que causou todo esse rebuliço', disse.
A corregedora também enfatizou a diferença do que é atuar em tribunais da relevância como o de São Paulo. 'Tinha feito (fiscalização) em vários tribunais pequenos. Quando se está batendo em desembargador pequeno, de estados nordestinos, não têm problema. O problema é que quando chega nos grandes tribunais, nos que tem respaldo maior, das elites políticas, da elite econômica. Mas não estamos aqui para brincar de ser corregedora. A corregedoria tem poderes amplos, sim, e será preservada'. Informações Jornal Dia.

Foto: Edson Ruiz// Bocão News

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