Justiça

Advogada afirma que HC escondeu da mãe que bebê teve cabeça arrancada

Reprodução/Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Corpo do bebê que teve a cabeça arrancada só foi liberado para necrópsia após interferência de advogada  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Publicado em 09/05/2023, às 19h37 - Atualizado às 19h38   Cadastrado por Lorena Abreu


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Cerca de duas horas após a cabeça de um bebê ser arrancada durante parto no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte, a mãe, que havia sido sedada, acordou. O bebê, que já estava sem vida, foi entregue em suas mãos já vestido e com um lencinho no pescoço. 

“A família sabe que tentaram esconder. Colocaram um lencinho no corpinho do bebê e falaram que não era para tirar a roupinha”, conta a advogada Jennifer Valente, responsável pela defesa da família. A suposta farsa teria sido revelada pela mãe da gestante. “A avó identificou um fio no bebê”, denunciou ela.

Ranielly Coelho, de 34 anos, deu entrada no hospital uma semana antes, na segunda-feira de 24 de abril, queixando-se de pressão alta, e ficou internada até a indução do parto, na madrugada de domingo para segunda, 1º de maio. Segundo Valente, a equipe da maternidade já conhecia o seu caso, tendo inclusive constatada a falta de passagem para um parto normal.

“Não foi um problema novo, o primeiro filho nasceu de parto por fórceps há nove anos atrás”, explica a advogada, citando o procedimento médico usado para auxiliar a saída do feto.

Segundo informações de O Tempo, a defensora afirmou que a família chegou a pedir por cesariana, mas a equipe do HC manteve a decisão no parto induzido. “Todos da família pediram pela cesárea em algum momento. A avó, mãe da gestante, ofereceu pegar empréstimo para pagar o procedimento, se fosse preciso, só para cessar o sofrimento da filha. Mas a equipe disse que não seria possível”, afirma. 

O momento do parto começou da forma habitual, com o pai acompanhando o procedimento. “Estava tudo normal, as médicas chamaram o pai para visualizar o parto. Em certo momento, o bebê teve dificuldade para respirar. Foi quando a médica subiu na barriga da mãe e fez força para puxá-lo, tirando sua cabeça”, conta a advogada. A partir daí, a situação saiu do controle. “Nesse momento, gerou uma confusão. O pai foi tirado da sala, sedaram a mãe. Cerca de duas horas depois, quando ela acordou, lhe entregaram o bebê com a cabeça costurada, com roupinha”, continua. 

Com a indicação de não tirar a roupinha do bebê, que também estava coberto com um lencinho, a avó da criança identificou um fio no pescoço dele e confirmou que a cabeça havia sido arrancada e costurada. 

A primeira a conversar com Ranielly após o erro médico foi uma assistente social do Hospital das Clínicas. Ela ofereceu a necrópsia e o sepultamento pela instituição. 

De acordo com a advogada Jennifer Valente, a médica responsável pelo parto é mestre em Saúde da Mulher. “A médica pediu desculpas, mais tarde naquele dia”. 

Mesmo com a alta da mãe, na terça-feira, 2 de maio, o bebê ficou no Hospital e só foi ser liberado após a ação da advogada junto com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). 

A defesa da família pretende entrar com processo contra o HC e, consequentemente, contra as médicas envolvidas por danos morais e psicológicos. Além de acompanharem o trabalho criminal que deve ser liderado pela Polícia Civil e o Ministério Público. 

Por meio de uma nota, a Polícia Civil confirmou que instaurou um inquérito para apurar as "causas e circunstâncias" do ocorrido. "A PCMG esclarece que procedimentos estão sendo realizados com o intuito de esclarecer o caso. Tão logo seja possível, outras informações serão divulgadas".

Classificação Indicativa: Livre

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