Justiça

Moro pressionou procuradores da Lava Jato fora dos autos por extradição de investigado; entenda

Lula Marques / Agência PT
Ex-juiz responsável pela Operação Lava Jato atuou para conduzir ações do MPF durante investigação  |   Bnews - Divulgação Lula Marques / Agência PT

Publicado em 08/07/2023, às 09h43   Cadastrado por Lula Bonfim


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Em novas conversas vazadas entre integrantes do Ministério Público Federal (MPF), procuradores da República revelaram que o ex-juiz Sérgio Moro, magistrado que foi responsável pela Operação Lava Jato até o final de 2018, os pressionava para conduzir as investigações fora dos autos dos processos.


Os diálogos entre os procuradores do MPF brasileiro e o procurador suíço Stefan Lenz, realizados através do aplicativo Telegram, foram adquiridos durante a Operação Spoofing e revelados pelo portal “A Grande Guerra”.


Trocando informações sobre a prisão em Genebra, na Suíça, de Fernando Migliaccio da Silva, então funcionário da Odebrecht (hoje, “Novonor”), os procuradores brasileiros e suíços usavam um grupo no Telegram para se comunicar sobre uma atuação conjunta, sempre fora dos autos.


Em um dos diálogos, o procurador brasileiro Orlando Martello justificou ao amigo suíço, no dia 17 de março de 2016, o motivo de ter solicitado a extradição de Migliaccio, em sentido contrário àquilo que havia sido combinado entre os colegas de países diferentes.


“Caro Stefan, acabei de falar com o Vladmir [Aras, do MPF]. Uma pergunta rápida. Você se lembra que eu já solicitei a extradição do Migliaccio? Eu fiz isso por causa do pedido do juiz. O Sérgio Moro estava me pressionando a fazer isso”, afirmou Martello.


Antes, em fevereiro de 2016, Moro já pressionava os procuradores para que eles pedissem a extradição do investigado brasileiro preso na Suíça.


“Stefan, em relação ao Fernando, o juiz (Moro) quer que enviemos logo o pedido de extradição do Fernando. Isso prejudica nossa estratégia de mantê-lo na Suíça por alguns meses? Se receber o pedido, vocês autoridades suíças podem adiar a execução? Vou conversar com o juiz hoje para tentar adiar a execução, mas não parece que ele vá concordar”, contou Martello ao colega suíço.


Devido a essa atuação próxima ao MPF, o ex-juiz Sérgio Moro foi declarado suspeito, em 23 de junho de 2021, nos processos que envolviam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da Operação Lava Jato. Na época, sete dos 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram anular todas as sentenças do magistrado sobre o então ex-presidente da República.

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