Justiça

MPF entra na Justiça para recuperar obras históricas retiradas ilegalmente de Igreja em Salvador

Divulgação/Iphan
Promotores identificaram que obras foram desviadas de forma ilícita e cobraram a devolução para a igreja histórica da capital baiana  |   Bnews - Divulgação Divulgação/Iphan
Matheus Simoni

por Matheus Simoni

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Publicado em 14/08/2024, às 13h04



O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública para garantir a restituição de cinco obras de arte do pintor José Teófilo de Jesus, pertencentes à Ordem Terceira de São Francisco de Salvador. De acordo com a denúncia, elas teriam sido retiradas ilegalmente do acervo.

As obras, encomendadas pela Ordem Terceira e entregues por José Teófilo de Jesus por volta de 1845, foram criadas para ornamentar os altares laterais da igreja de São Francisco e são consideradas parte integrante do patrimônio cultural e histórico brasileiro.

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Em julho de 2017, a unidade do MPF em São Paulo foi informada sobre a presença dessas obras no Museu Afro Brasil. As pinturas retratam São Francisco, Santa Clara, São Domingos de Gusmão, São Luís e Santa Isabel de Portugal e estão atualmente em exposição no Museu Afro Brasil, em São Paulo.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizou vistoria no Museu Afro Brasil e confirmou que as obras expostas correspondiam às descritas no tombamento da Igreja em Salvador.

Imagem da igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Salvador

Além disso, não foi comprovada "licitude da aquisição das obras por parte do museu", o que levou os procuradores a acionar a Justiça para garantir que as pinturas permanecessem em local conhecido e acessível ao público até o fim das apurações.

Entre os pedidos do MPF está a manutenção da guarda das obras no Museu Afro Brasil até o julgamento final da ação. O órgão ministerial também pediu que os painéis sejam restituídas à Ordem Terceira de São Francisco de Salvador, com a devida inclusão no Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados, para que sua importância histórica seja formalmente reconhecida.

Imagem da igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Salvador

Além disso, o MPF cobrou que a empresa e o empresário que supostamente adquiriram a posse das telas sejam condenados a pagar R$ 1 milhão em danos morais coletivos.

Um pedido similar já havia sido ajuizado em São Paulo, com uma outra ação civiil pública, mas a investigação apontou que a verdadeira origem das obras deveria ser apurada na Bahia, uma vez que a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco em Salvador era o local de onde as peças haviam sido retiradas. Com isso, a ACP inicial em São Paulo foi extinta sem julgamento.

No entanto, com o avanço das investigações conduzidas na Bahia, foram coletadas evidências que confirmam que as telas pertencem ao acervo da Ordem Terceira de São Francisco de Salvador e que foram desviadas de forma ilícita. O Iphan, em seus laudos, concluiu que as dimensões e características das pinturas eram compatíveis com os altares da igreja em Salvador, reforçando a origem suspeita das peças expostas em São Paulo. Nesta semana, a unidade do MPF na Bahia entrou com uma nova ACP, solicitando a restituição das obras à Ordem Terceira de São Francisco em Salvador.

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