Cultura

Falta de divulgação e prejuízo marcam a 10ª Bienal do Livro

Imagem Falta de divulgação e prejuízo marcam a 10ª Bienal do Livro
"Queremos que as portas se abram e todos possam prestigiar", diz expositor  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 31/10/2011, às 07h11   Caroline Gois



Bienal do livro começa sem público e sem graça. Desde o início da 10ª Bienal do Livro da capital baiana, na sexta-feira (28) - que o clima entre expositores e a produtora Fagga, responsável pela organização do evento, não vai nada bem. 
A redação do Bocão News recebeu, no fim da manhã deste domingo (30), a denúncia de que os expositores estariam insatisfeitos com a divulgação feita da Bienal. "Nem o taxista sabia que tinha a feira", diz um dos expositores. Outro, também critica: "Já participei de diversos congressos de educação pelo interior e os professores de cidades como Itabuna, Vitória da Conquista e Santo Antônio de Jesus nem sabiam que teria esta Bienal em Salvador".
Claro que, após receber a denúncia nos deslocamos para o Centro de Convenções - local onde o evento, que custa R$ 8,00 - (inteira) e R$ 4,00 - (meia-entrada para estudantes e idosos) - deve ficar até o dia 6 de novembro.
Lá, os expositores que falaram com nossa equipe preferiram não ser identificados nesta matéria e, até nos pediram que pudéssêmos aguardar até esta segunda (31), quando a Fagga  - a organizadora - irá dar um retorno sobre o que pode ser feito diante da situação apresentada. Mas, inevitavelmente e após constatar a Bienal vazia em pleno domingo de sol - não podíamos deixar de registrar que há algo está errado. 
Assim que chegamos, buscamos a Fagga, ou seus representantes, para falar sobre a ruenião que ocorreu no sábado (29) - esta informação também chegou até o Bocão News - e que reuniu expositores e organização para debater os problemas citados acima. A assessoria de comunicação da Bienal nos informou que os representantes - que não nos receberam - confirmaram a reunião e disseram que para reforçar a divulgação solicitada pelos expositores serão dados descontos nos best sellers, feitos lançamentos de livros e promoções também serão realizadas. Nada nos foi especificado ou detalhado sobre a iniciativa que pretendida para reverter o problema, que, de fato, existe.
Constatamos que para um espaço na Bienal custa ao expositor um valor médio de R$ 400 por metro quadrado, fora passagem, alimentação e hospedagem. "Até o momento só arrecadei R$ 12 reais", relata um denunciante. "Nem tenho mais perspectiva de quanto vou arrecadar. Ontem, só vendi R$ 15 reais", lamenta outro.
Os expositores contam que a Bienal iria ocorrer de 3 a 13 de novembro. "Mudaram a data muito em cima da hora. Talvez isso deva ter prejudicado a divulgação", explica o dono de um dos stands. Os propietários alegam que não viram outdoor, que a televisão não vai até lá e que caravanas escolares ainda não marcaram presença. "Esta é minha 4ª bienal aqui em Salvador e garanto que está sendo a pior de todas", diz um deles.
Um detalhe importante citado por eles foi o valor cobrado na entrada: "Podia ser mais barato. Eles não ganham já com a venda do espaço que compramos"? "Com este valor nem todos podem pagar", comenta um expositor.
A equipe do Bocão News tentou ter acesso aos valores arrecadados numa Bienal e como são definidos os preços dos ingressos. Mas, a Fagga, que nos recebeu via assessoria, nos respondeu apenas sobre a iniciativa que será tomada para atender às reivindicações."Só ganhamos com a venda dos livros e nenhuma ação de vale-livro ou bônus foi feita para incentivar o público", revela um propietário.
Diante de corredores vazios, livros que preenchem a pratileira por inteiro e um vão claro que vem da porta do evento sinalizando que não há filas lá fora, fica o desespero dos expositores. "Muitos querem ir embora. O prejuízo já foi feito". Outros, ainda hesitam em abandonar a Bienal. "Não posso sair senão pago multa". O valor da multa é estipulado de acordo com cada contrato e o pagamento feito pelo stand é antecipado. "Já gastamos e não estamos tendo retorno".
Passeando pelos corredores da Bienal é possível perceber a angústia de quem está ali apenas para oferecer cultura. "Por mim, as portas se abrem para que todos possam entrar". E fica o questionamento: onde está a Fagga? Onde estão ações que mobilizem artistas a irem até a Bienal para influenciar à leitura? Será que ainda resta alguma preocupação com o único instrumento que nos leva à educação? Tomara que hajam respostas. E viva à leitura!

Foto: Bocão News// Paulo Macedo

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp