Cultura

Responsável pelo Mercado Iaô fala sobre cancelamento do evento em 2020 e diz cogitar edição especial

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Jaqueline Azevedo falou sobre a falta de patrocínios e de apoio da prefeitura e do governo   |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 05/01/2020, às 15h42   Rafael Albuquerque



Realizado pela Fábrica Cultural, entidade privada sem fins lucrativos, o Mercado Iaô teve a edição de 2020 cancelada. Via redes sociais, a produtora afirmou que o cancelamento foi necessário por causa da “dificuldade em confirmar patrocínio e parcerias necessárias”. Evento tradicional e que entraria na quinta edição este ano, o Mercado Iaô prezava pela multiplicidade de propostas artístico-culturais, fomento ao empreendedorismo e resgate da identidade cultural da Bahia. 

Diretora da Fábrica Cultural, que atua há 15 anos na Península de Itapagipe desenvolvendo projetos sociais nas áreas de educação, cultura e sustentabilidade, Jaqueline Azevedo concedeu entrevista ao BNews e falou sobre a importância do Mercado para a comunidade local. 

“O Mercado Iaô nasceu como um programa de desenvolvimento daquela comunidade. Há cinco edições realizamos ele com impacto grande para a comunidade e para a cidade. Trouxemos Bethânia, Gil, Ivete, Brown, Lenine e outros artistas, sempre convidados por Margareth Menezes, que é a presidente da instituição e anfitriã. O apoio à comunidade é o nosso maior foco”, afirmou. 

Ao longo dos anos, o projeto tomou uma dimensão grande e a estrutura compatível com a de grandes eventos, comportando cerca de cinco mil pessoas por edição. A realização em um espaço de sete mil metros quadrados possibilita a montagem de três palcos, além de diversos stands que comportam cerca de 150 expositores. 

Toda gastronomia do Mercado era oriunda de Itapagipe, com objetivo de “fortalecer o território”. Já os expositores vinham de todas as regiões do Estado. “Isso impulsiona os negócios das pessoas que vão apresentar seus produtos. Eles passam a receber encomendas após a exposição”, salientou Jaqueline.  

O acesso ao evento custava R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), que de acordo com a diretora da Fábrica Cultural é “uma tarifa social de manutenção para manter, sustentar e dar apoio ao evento”. Porém, além da bilheteria era necessário um investimento muito maior para custar as despesas do Mercado Iaô. Empresas como Vivo e GVT já patrocinaram o evento, que também já teve apoio da prefeitura e do governo, além de leis de incentivo à cultura. Mas esse ano as negociações não avançaram, nem com a iniciativa privada nem com o poder público. 

“Esse ano a gente não conseguiu viabilizar, não conseguimos apoio institucional para realização do Mercado. Avaliamos que era melhor recuar e fortalecer para uma condição de apresentar o projeto da forma que queremos fazer, com compromisso de qualidade. Buscamos prefeitura e governo e não tivermos resposta, aí ficou um tempo muito apertado”, salientou Jaqueline Azevedo. 

Apesar da falta de apoio dos entes públicos para a realização do Mercado Iaô em 2020, a diretora fez a ressalva de que a Fábrica Cultural mantém outros projetos no decorrer do ano, todos na região de Itapagipe, e que alguns deles contam com apoio.

“Durante o ano realizamos ações que têm apoio do governo e prefeitura, mas agora o tempo ficou apertado e não conseguimos um formato que desse certo. Somos uma instituição social. A gente não faz só o Mercado Iaô, temos outros projetos, temos cursos profissionalizantes. Hoje temos 100 meninas com carteira assinada pelo Jovem Aprendiz, estudando teatro. A gente também trabalha com geração de renda para a população, para os empreendedores, e o estado tem sido parceiro. Talvez pelo momento atual e por outras prioridades, a gente não conseguiu organizar a tempo esse ano. Mas é delicado porque precisamos do apoio institucional. Não conseguimos viabilizar, mas estamos abertos a novos desenhos”, destacou. 

Questionada se há a possibilidade da realização do evento esse ano caso surjam novos parceiros e patrocinadores, Jaqueline explicou: “a gente pode tentar trabalhar numa edição única, especial. Tenho acompanhado as redes sociais e as pessoas estão com o sentimento de querer ir. Isso faz com que a gente fique feliz”.  

A diretora da Fábrica Cultural, porém, ressalta que trabalha com a possibilidade de um evento especial nos moldes do que ocorreu nos anos anteriores, com a mesma estrutura: “o espaço que a gente realiza é de sete mil metros quadrados. A estrutura é grande, palco, som. A gente movimenta a agenda cultural, tem um modelo e um conceito que tem um custo. A possibilidade que temos é de uma edição única e especial, mas pensando no formato grande, como ele é”.

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