Cultura

Mudança do Garcia não consegue patrocínio para live na varanda de Riachão

BNews/Roberto Viana
Bloco não pôde desfilar em 2021 por causa da Covid-19  |   Bnews - Divulgação BNews/Roberto Viana

Publicado em 15/02/2021, às 17h52   Henrique Brinco


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Os integrantes da Associação Recreativa e Cultural Chupe Bico, uma das entidades responsáveis por organizar a Mudança do Garcia no Carnaval de Salvador, não conseguiram patrocinadores para realizar uma live especial que seria transmitida direto da varanda da casa que pertenceu ao sambista Riachão (1921-2020)  nesta segunda-feira (15). O bloco é um dos mais tradicionais da folia baiana e não pôde desfilar em 2021 por causa da pandemia da Covid-19. Riachão era uma das figuras mais ilustres da festa e tinha um imóvel no meio do circuito localizado no bairro do Garcia.

"Pensamos inicialmente em fazer uma live, mas desistimos porque não teve patrocínio. Faríamos na varanda de Riachão. Ele era um nome forte na Mudança. Então, desistimos", declara Raimundo Badaró, um dos coordenadores da associação, ao BNews. Badaró afirma que procurou a Prefeitura e o Governo do Estado para tentar conseguir algum apoio para o evento virtual, sem sucesso. "Ninguém olha para a Mudança do Garcia. Ivete e outros artistas tiveram vários patrocínios. Mas a Mudança não teve. Essa questão da falta de patrocínio não vem de agora e na live também não veio", lamenta.

Riachão foi uma referência para a cultura popular brasileira em diversos aspectos, principalmente o musical. O compositor de "Cada Macaco no seu Galho" morreu em 30 de março do ano passado, aos 98 anos, em casa. A expectativa era que ele recebesse inúmeras homenagens neste ano, não só pelo passamento, mas também pelo centenário a ser celebrado no próximo dia 14 de novembro.

O presidente da Associação de Amigos e Moradores do Garcia, Rodney Silva, lamenta as consequências do cancelamento da festa, mas entende que é necessário preservar a saúde dos trabalhadores do Carnaval. A entidade também é responsável pela realização do evento "É um impacto enorme. Mas não somos somente nós que estamos nessa situação. O Covid está cada vez pior", ressalta ao BNews. Ele, por outro lado, acredita que a live não conseguiria retratar toda a expressividade da festa. "A própria expressão da Mudança do Garcia em uma live é complicada, porque são várias atrações. Não dá para pegar uma atração e fazer uma coisa só. A Mudança do Garcia é um conjunto e não apenas uma atração", avalia.

O Garcia é um dos mais antigos e tradicionais bairros de Salvador, localizado no centro da cidade, ao lado do Campo Grande, onde fica um dos circuitos oficiais, o Circuito Osmar. A Mudança do Garcia surgiu em 1926, com a criação do bloco Arranca Toco. O nome mudou para Faxina do Garcia e, só depois, com a urbanização do bairro, virou Mudança do Garcia. O bloco atrai uma multidão de 100 mil foliões em média por ano para um desfile recheado de protestos e muita irreverência, sempre na segunda-feira de Carnaval. Com faixas, cartazes e fantasias, os foliões tratam de assuntos espinhosos como política, educação e saúde.

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