Cultura

Entenda como as redes sociais agem como forma de divulgação de jovens escritores nacionais

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Autoras nacionais independentes falam sobre mercado editorial e redes sociais como forma de divulgação de suas obras  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Instagram @marianalucioli / Instagram @gabi.writess
Natane Ramos

por Natane Ramos

Publicado em 26/04/2023, às 05h40


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A literatura brasileira é repleta de grandes obras clássicas, atemporais e reverenciadas. Em meio à essa diversidade, há novos nomes que vêm se destacando, principalmente, pelo auxílio das redes sociais, que agem como uma forma de divulgação do trabalho de autores nacionais, cada dia mais ocupando esse mercado diverso.

Com o aumento das famosas 'bookredes' - espaços literários dedicados a fãs de livros das diversas redes sociais -, é perceptível como nomes de jovens autores tem sido repercutido nesses espaços. Tal repercussão tem gerado a viralização do trabalho de escritores e contribuído para o crescimento e reconhecimento das suas obras, chegando até a consagrar alguns livros como best-seller.

Ao Bnews, a escritora e influencer mineira Mariana Lucioli, destacou a importância das redes sociais para a divulgação do seu trabalho. “Além do poder de viralizar os conteúdos com meu trabalho e chegar a novos leitores, as redes sociais me permitiram construir uma comunidade de leitores fiéis, que também estão criando conteúdo sobre meus livros e divulgando minhas obras de forma orgânica”, contou.

Mariana possui 43 mil seguidores em seu perfil oficial no Instagram, uma das ferramentas mais utilizadas pela autora para divulgação. A escritora já possui cinco livros publicados, entre eles, “Avyssos”, que se consagrou como um dos best-sellers na Amazon.

Falando sobre o mercado editorial e o espaço que os autores nacionais independentes estão ocupando, Mariana chamou atenção de como a pandemia possibilitou a inclusão e divulgação do trabalho desses escritores dentro do mercado. "Atualmente, é bem mais acessível e inclusivo do que quando comecei. O 'lockdown' realmente contribuiu positivamente nesse aspecto. Muitos autores começaram a publicar na pandemia (eu inclusa) e isso tornou o mercado muito mais diverso. Além disso, com o maior número de leitores, ele se expandiu consideravelmente. O impacto que os indies brasileiros podem trazer para o mercado é extraordinário”, ressaltou a escritora.

Apesar do sucesso que Mariana alcançou ao longo dos anos, a escritora faz ressalvas sobre as dificuldades em trabalhar como autora independente no Brasil. “A maior dificuldade é ter que ‘se virar nos 30’ para gerenciar todas as áreas da produção de um livro: escrita, contratação de serviços editoriais, divulgação, promoção, atendimento aos leitores, e tudo que envolve a publicação de um livro. Mesmo que esta carreira seja o sonho da minha vida, é muito gratificante por sinal, ainda é exaustivo trabalhar sem o apoio de um equipe e ter que organizar tudo sozinha”, comentou.

A influencer Gabi Sayuri, original de São Paulo, também compartilhou suas experiências como uma jovem escritora independente no mercado literário nacional. Gabi, que tem apenas 21 anos, já possui um conto publicado, chamado “Sobre Lendas e Corações Afogados”, onde ela trabalhou avidamente com a divulgação do livro pelas redes sociais. 

Sayuri comentou como esse trabalho intensivo na divulgação por meio de suas redes sociais foi fundamental para o reconhecimento da sua obra. “Sem as redes sociais eu não teria conseguido leitores. Hoje em dia não tem como se divulgar sem usar redes sociais. Infelizmente, só família e amigos não funciona. Para gente conseguir leitores desconhecidos, precisa ter interação, e a gente consegue isso por meio de redes sociais. A maioria das pessoas que leram meu livro foram pessoas das 'bookredes' e sou muito grata a isso”, declarou ao BNews

No entanto, ela expõe as dificuldades enfrentadas na divulgação de um livro pelas redes sociais e acredita que análises de leitores contribuem para quebrar essa barreira. “A principal dificuldade, pelo menos para mim, é divulgar meu livro. Várias pessoas falam: vou ler, mas no final acaba não lendo. Eu acho que o que incentiva os outros a lerem, é lendo resenha, post, isso acaba convencendo os outros a lerem, ou seja, é necessário que algumas pessoas leiam para mais pessoas lerem. E quando você não tem muita gente que lê sua obra, acaba ficando empacada”, relatou Sayuri.

Além disos, a escritora critica  a falta de visibilidade dos autores nacionais independentes no mercado editorial, e como as editoras acabam priorizando os escritores mais famosos. “Eu acho que falta “visualização” e atenção para os autores nacionais independentes. Escritores que não tem tantos seguidores ou não são tão famosos acabam ficando de lado, mesmo tendo autores incríveis com menos de 1K de seguidores que escrevem até melhor que muitos outros por aí. Acho que a questão é que o mercado editorial não dá oportunidade para autores independentes e eles (nós) temos que nos virar”, relatou ao demonstrar esperança no cenário de consumo das produções nacionais. “Felizmente acho que agora estamos vendo uma diferença, acredito que os autores nacionais vão acabar mudando essa ideia de que só os livros gringos são bons”, destacou a escritora.

Classificação Indicativa: Livre

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