Denúncia

Morador acusa prefeitura de violar túmulos e retirar restos mortais dos pais de cemitério em Candeias

Arquivo pessoal
Prefeitura explicou que foram observadas todas as instruções legais  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 21/07/2018, às 08h59   Shizue Miyazono


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Um morador de Candeias está indignado com o desrespeito da prefeitura em retirar os restos mortais das pessoas sepultadas no cemitério municipal sem o conhecimento ou autorização das famílias. Luiz Nélio da Mota afirma que os túmulos dos pais foram violados e o material retirado das gavetas.

Ao BNews, Luiz contou que a mãe foi enterrada no dia 2 de julho de 2015 e o pai, no dia 18 de agosto do mesmo ano, após sofrer um acidente vascular cerebral  (AVC). Na semana passada, após comparecer ao enterro de uma vizinha no Cemitério Municipal Recanto da Saudade, ele percebeu que os túmulos estavam violados e sem os restos mortais dos genitores. 

"Eu conversei com o diretor do cemitério que disse que a demanda de Candeias era muito grande e que tinha que abrir vaga para os outros. Aí eu perguntei: ‘O que eu tenho a ver com isso? Vocês tiraram os restos mortais do meu pai antes do tempo e o da minha mãe sem comunicar a família. Você tem o número de todo mundo e não avisou a ninguém’. E ele falou assim: ‘isso não vai dar em nada’. Foi a resposta dele perante a mim e mais dois irmãos meus. Eu pergunto: será que foi cachorro que foi enterrado ali? Foi ser humano, tem que ter respeito, tem contrato ali, a gente pagou por isso", afirmou o homem.

Luiz explicou que quando os pais faleceram ele foi à funerária e pagou por um serviço de três anos. Após esse período, o cemitério teria que entrar em contato avisando que venceu os três anos para a família acompanhar a remoção dos restos mortais.

"Violaram os dois túmulos, tiraram sem o conhecimento da família. Eu não posso deixar isso passar em branco, é uma questão de honra pra mim", afirmou o morador.

Ele explicou que já tinha feito a aquisição de um terreno e construiu um mausoléu para colocar os restos mortais dos pais e foi surpreendido ao encontrar os túmulos violados e os restos mortais em um quartinho no fundo do cemitério. "Eu comprei um terreno, construí um mausoléu de dois andares para, justamente, quando chegasse essa época, reunir a minha família e ir tirar os restos mortais deles e colocar no lugar onde construí o mausoléu que vai ficar para a família toda".

Revoltado, o morador procurou a delegacia e registrou um boletim de ocorrência. Luiz explicou que essa atitude é recorrente no cemitério de Candeias e que várias famílias estão passando por essa mesma situação. O homem ainda quer um exame de DNA para comprovar que o material é realmente dos seus genitores. "Quem prova que aqueles restos mortais que eles me entregaram no saco são dos meus pais"?

Ao BNews, a secretária de Serviços Públicos de Candeias, Marinalva Silva, explicou que existe uma legislação que trata da remoção dos restos mortais e o município cumpre com essa lei. "Após três anos, o regulamento que tem no nosso município é que a família precisa de manifestar e, após esse tempo, se a família não se manifesta, é recolhido os restos mortais e colocado em um depósito. Espera mais um período até haver uma manifestação da família e se não houver nenhuma manifestação diferente é mandado para incineração. Mas, todo procedimento é feito com a comunicação familiar”. 

Marinalva afirmou que no caso dos pais de Luiz não houve manifestação da família durante o período de três anos no caso da mãe, que os restos mortais foram retirados depois do período da legislação. Em relação ao pai, ela afirmou que houve divergência com as datas e por conta disso foi feito a remoção: "mas os restos mortais ficaram à disposição, ele já recolheu e já colocou no jazido perpétuo".

A secretaria explicou que os familiares reconheceram as vestes dos pais, mas caso haja dúvida se os restos mortais são dos genitores podem solicitar o DNA em juízo.

"Foram observada todas as técnicas, todas as instruções legais, que não é só em Candeias, são todos que devem obedecer e a gente está sempre preocupado com a questão do cuidado, principalmente no local em que a gente não tem mais condições de enterrar ninguém, mas a gente sabe que está tratando, mesmo com pessoas que já vieram a óbito, tem que tratar com respeito e dignidade", concluiu a secretaria.

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