Denúncia

VÍDEO: Mulher acusa Bombar de injúria racial após ser constrangida e acusada de furto

Divulgação/Bombar
Bombar se pronunciou sobre caso, que chegou à polícia  |   Bnews - Divulgação Divulgação/Bombar
Sanny Santana

por Sanny Santana

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Publicado em 29/01/2024, às 17h36


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Uma confusão no Bombar, conhecido bar noturno do bairro Rio Vermelho, em Salvador, ganhou notoriedade nas redes sociais e fez com que o próprio estabelecimento fizesse uma nota de esclarecimento, já que foi acusado de injúria racial.

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Em entrevista ao BNews, a produtora cultural Larissa Martins, de 35 anos, moradora da cidade de Barreiras, contou que estava passando férias na capital baiana com outros dois amigos, quando decidiu curtir uma noitada no Bombar. O que era para ser um 19 de janeiro cheio de diversão, se tornou um pesadelo após a jovem ser acusada de furto dentro do estabelecimento.

De acordo com Larissa, quando ela e seus amigos estavam já dentro do bar, tentando pedir bebidas no balcão do estabelecimento, uma mulher branca teria empurrado a produtora.

"Eu conversei com uma delas, falei, 'olha meninas, a casa está cheia, então vamos ter cuidado aqui entre a gente, para a gente não se machucar, o cotovelo de sua amiga quase agarrou no meu rosto, vamos manter aqui o cuidado uns com os outros'", teria declarado Larissa.

Em resposta, a mulher teria dito que a responsável pelo empurrão estava bêbada. Segundo Larissa, vendo que uma confusão estava se formando no local, foi necessário que a discussão se encerrasse, e cada grupo se separou.

Cerca de 40 minutos depois, segundo a produtora, um segurança a abordou alegando que ela havia sido acusada de furto.

"Quando a gente ia pegar o combo da bebida, a gente foi, para nossa surpresa, parado por três seguranças. Esse segurança que me parou, ele não estava com nenhuma identificação, não estava com fardamento, nenhum crachá. Observei que era um segurança porque ele estava com um rádio na mão. Aí ele falou da seguinte forma: 'eu quero que vocês desçam agora, me acompanhem agora'. Foi um cara super deselegante, super mal-educado, falou de uma forma muito grosseira", conta a jovem.

Segundo Larissa, a situação se tornou bastante constrangedora, já que várias pessoas começaram a observar o que acontecia. Intimidada, a produtora e seus amigos seguiram para o andar de baixo do Bombar

"No andar de baixo, esse segurança, que estava sem fartamento, chegou para mim e falou da seguinte forma: 'aconteceu uma confusão, e nessa confusão fomos acionados em relação ao sumiço de um aparelho celular'. Aí eu falei pra ele, 'a gente não pegou esse aparelho celular'. Eu comecei a gritar para todas as pessoas que estivessem ao redor, que as pessoas conseguissem ver o que estava acontecendo", disse Martins.

A jovem, para provar que não havia furtado qualquer objeto, abriu a pochete que utilizava na festa e tirou todos os pertences que estavam dentro da bolsa. "Falei para eles que se elas acusaram, elas tinham que estar também presentes no momento. E foi aí que gerou uma confusão, onde outras pessoas também se envolveram, pessoas que a gente nem conhece. E foi aquele empurra-empurra, a galera em cima e todo mundo gritando 'racista'", afirmou Larissa, que também acusou a suspeita de fazer um gesto de "supremacia branca".

Por meio de nota, o Bombar se pronunciou afirmando que "garante ter prestado toda a assistência a fim de inibir, coibir e solucionar situações que possam ser tipificadas como crimes de qualquer natureza".

Ainda em nota, publicada no Instagram, o estabelecimento declarou que não levou a parte acusadora para ser ouvida "para que não existisse nenhuma situação de risco físico às partes".

O bar também afirmou que incentivou Larissa e seus amigos a resolverem o caso com a polícia, mas, segundo o Bombar, "o registro não foi feito", algo que foi desmentido por Larissa. Ao BNews, a jovem mostrou que realizou Boletim de Ocorrência. 

Em nota, a Polícia Civil informou que a 7ª Delegacia Territorial do Rio Vermelho "investiga a injúria racial sofrida por três pessoas, no dia 19 de janeiro, em um estabelecimento comercial, localizado naquele bairro".

Ainda conforme a corporação, a oitiva das vítimas será realizada na unidade policial e imagens de câmeras de segurança do local serão recolhidas para ajudar na investigação. A Delegacia Territorial ainda contará com o apoio da Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid).

Confira a nota do Bombar na íntegra:

"Devido às recentes acusações de injúria racial, o Bombar vem tornar pública a situação ocorrida no último dia 19 de janeiro de 2024, por volta das 2h30 da manhã, nas dependências do estabelecimento.

Comprometidos com a transparência e reafirmando o seu compromisso na construção de um espaço livre de preconceitos, racismo, homofobia, transfobia e quaisquer outras formas de discriminação, o Bombar garante ter prestado toda a assistência a fim de inibir, coibir e solucionar situações que possam ser tipificadas como crimes de qualquer natureza.

Sobre o caso:

Após uma discussão verbal no andar superior do estabelecimento, onde um grupo de clientes supostamente acusou um grupo de furtar seus aparelhos de celulares, a equipe de segurança do Bombar foi acionada, conforme protocolo de segurança, para contingência da situação e entendimento do ocorrido. Foi solicitado então que a parte acusada se deslocasse para o andar inferior da casa - local onde seria possível ouvi-las com menor incidência de música e barulho, a fim de que tivessem ciência da situação e pudessem relatar a ocorrência.

Seguindo todos os protocolos de atendimento, resolução e contingência de situações, o grupo foi ouvido e acolhido, no entanto, declararam incomodo sobre a ausência da parte acusadora - ato evitado para que não existisse nenhuma situação de risco físico às partes. A intenção imediata do Bombar foi de resolução à situação sem causar nenhum constrangimento às vítimas. Toda a conversa aconteceu nas áreas abertas e em comum do estabelecimento, com respeito a integridade das pessoas, sem nenhuma coação, violência ou desrespeito conforme comprovado nas imagens das câmeras de vigilância do local que captam a conversa e o momento posterior da briga generalizada envolvendo as partes.

Imediatamente a situação ocorrida, a proprietária do estabelecimento, junto à sua equipe e testemunhas presentes, incentivou as partes ao comparecimento imediato à delegacia, munidos de provas testemunhais e registros de câmera para ocorrência policial, o que não foi aceito pelas partes denunciantes, nos colocando em situação de prestação total de suporte e auxílio, mas sem acompanhamento legal.

No dia 20 de janeiro, reforçamos por mensagem privada, nossa disponibilidade para entregar as imagens da câmera de segurança mediante ao registro de ocorrência.

Diante das denúncias através das redes sociais, entendemos que o registro não foi realizado.

Reiteramos que por uma questão de respeito à todas, todos e todes, e em compromisso direto com o cumprimento da justiça, orientamos as partes envolvidas ao registro de ocorrência na delegacia mais próxima, de forma presencial, ou o registro virtual de ocorrência. Nos colocamos inteiramente a disposição para acompanhar as vítimas à delegacia, de forma a servirmos de testemunha ao ocorrido. Prestamos o auxílio imediato e o suporte no dia seguinte.

Estamos em posse das imagens captadas pelas câmeras de segurança e o registro do ocorrido para encaminhamento à polícia, mediante o protocolo de ocorrência e ordem judicial, algo que ainda não foi realizado por nenhuma das partes.

Garantimos idoneidade em todo o processo, deixando para competência da lei as medidas cabíveis e nos colocamos completamente à disposição para solucionar o corrido, reafirmando que o estabelecimento e a sua equipe profissional jamais agiram de nenhuma forma a causa qualquer tipo de constrangimento, preconceito ou qualquer ato discriminatório".

Classificação Indicativa: Livre

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