Direto de Brasília

Temer convoca base para votar e tenta mostrar normalidade institucional

Publicado em 06/06/2017, às 14h48   Luiz Fernando Lima


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No dia da retomada do julgamento da chapa Dilma/Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Michel Temer (PMDB) convocou seu time para votar uma série de matérias de modo a transparecer uma normalidade institucional. O staff do presidente, no entanto, não contava com a prisão do ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves.

Detido em Natal, no Rio Grande do Norte, Henrique Alves é mais um dos “amigos” de Temer que cai nas “garras” da Polícia Federal em processos atrelados à Operação Lava Jato. O ex-presidente da Câmara dos Deputados, o peemedebista potiguar faz parte do hall de amigos próximos do presidente e tinha acesso livre, assim com Rocha Loures, ao gabinete presidencial.

A exemplo do senador Otto Alencar (PSD), outros parlamentares contrários à permanência de Temer na presidência, acreditam que o governo está inviabilizado, e ainda que exerça sua maioria nas votações pautadas dificilmente manterá as condições de continuar no Palácio do Planalto.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), participou da promulgação da PEC da Vaquejada e estando na Mesa do Senado durante a cerimônia não tirava os olhos do celular. Abriu mão de falar sobre a proposta e entre um aceno com cabeça e outro deixou o plenário com cara de poucos amigos.

Ao sair afirmou que é preciso manter a agenda de votação e voltou a defender a aprovação da reforma da Previdência. É um sinal claro, na avaliação de deputados consultados pela reportagem do BNews, para o mercado e para segmentos políticos de que se substituir Temer terá condições de dar continuidade à agenda atual.

Por outro lado, o senador Tasso Jereissati (PSDB) permanece presidindo a Comissão de Assuntos Econômicos no Senado e promete levar à votação no final da tarde o parecer sobre a reforma trabalhista. A oposição trabalha para que não haja a apreciação diante do clima tenso e do julgamento do TSE. Contudo, ausências como a de Omar Aziz (PSD-AM) e Vicentinho Alves (PR-TO) deixam apreensivos aqueles que apostavam numa derrota da reforma na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

Enquanto não houver uma “candidatura” indireta majoritária, o presidente Michel Temer tende a ficar. Um senador declarou que o momento do Brasil é tão dramático que percebeu-se nos últimos dias que o melhor sucessor de Temer é ele mesmo. O DEM entende que se o PSDB assumir há uma possibilidade de frear a retomada de crescimento da legenda golpeada ao ponto de mudar de nome, deixando de ser PFL para se tornar DEM.

O PSDB não abre mão de tentar retomar o protagonismo político e precisar segurar o sangramento provocado pelas duras acusações que atingiram Aécio Neves e por consequência outras lideranças tucanas. Ainda no PSDB são claras as fissuras nos núcleos de poder. Com quadros ocupando espaços estratégicos o regionalismo tem sido uma barreira à unificação.

Dentro do PT há quem, reservadamente, acredite ser melhor a manutenção de Temer para o governo continue sangrando e leve no escoamento partidos como PSDB e DEM para a lama em 2018. O ponto para os petistas é o que determina se Lula poderá ou não ser candidato. Desse modo, há grupos que pregam as diretas já menos pelo seu caráter democrático e mais pela possiblidade de o ex-presidente postular sem impedimentos jurídicos.                        

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