Economia & Mercado

BB espera economia de R$ 2,9 bi ao ano com reestruturação

Publicado em 21/11/2016, às 13h06   Folhapress


FacebookTwitterWhatsApp

Se 9.000 funcionários aderirem ao plano extraordinário de aposentadoria anunciado pelo Banco do Brasil, a instituição financeira terá uma economia anual de R$ 2,13 bilhões ao ano. A reestruturação anunciada pelo banco também inclui fechamento de agências e um conjunto de medidas para reduzir despesas que abaterá custos em outros R$ 750 milhões anuais -totalizando quase R$ 2,9 bilhões.

Se todos os funcionários que se encaixam nos requisitos aderirem, a economia anual do banco poderia chegar a R$ 3,75 bilhões, somando os abatimentos.

O anúncio do plano de reestruturação agradou o mercado financeiro. As ações do Banco do Brasil sobem mais de 5% nesta sessão na Bolsa brasileira.

Com as medidas, o banco espera se adequar às regras internacionais de saúde financeira determinadas pelo BIS (Banco de Compensações Internacionais), que é uma espécie de banco central dos bancos centrais, já em julho do ano que vem, sem nenhum aporte do Tesouro Nacional.

"O prazo é janeiro de 2019, mas queremos chegar já em julho do ano que vem, por razões prudenciais", afirmou Paulo Caffarelli, presidente da instituição, em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira (21). "Para isso, temos que melhorar rentabilidade e cortar despesas".

"O prazo é janeiro de 2019, mas queremos chegar já em junho do ano que vem, por razões prudenciais", afirmou Paulo Caffarelli, presidente da instituição, em entrevista a jornalistas nesta segunda. "Para isso, temos que melhorar rentabilidade e cortar despesas".

A instituição financeira informou que quer reduzir 9.300 postos de trabalho, dos 109 mil existentes hoje, para funcionar com mais eficiência. Pretende fazer isso através de um plano de incentivo à aposentadoria que envolve pagamento de 12 salários e indenização pelo tempo de serviço que varia entre 1 e 3 salários, dependendo do tempo de banco do funcionário.

O prazo de adesão é 9 de dezembro deste ano.

Hoje, 18 mil funcionários se encaixam nos requisitos para aderirem ao plano -mais de 50 anos de idade e 15 anos de casa.

O banco divulgou algumas simulações sobre o quanto poderia ser economizado, dependendo da adesão: se 5 mil aderirem, a economia seria de R$ 1,18 bilhão anuais, se todos resolverem se aposentar, a economia seria de R$ 3 bilhões anuais.

Se a metade decidir pela aposentadoria, que é o objetivo do banco com o plano, a economia anual seria de R$ 2,13 bilhões por ano, o que também ajudaria o Banco do Brasil a reduzir o custo de R$ 3 bilhões a mais com pessoal que possui em relação aos bancos privados.

Se o plano de incentivo à aposentadoria não atingir os 9,3 mil postos de trabalho, o banco planeja esperar que essa meta seja alcançada naturalmente, já que entre 150 e 200 funcionários deixam a instituição todos os meses, em média. O Banco do Brasil estima que teria um custo de R$ 2,7 bilhões se todos os funcionários aderissem ao programa, valor que seria diluído nos custos do banco em sete meses.

Também para reduzir gastos com pessoal o banco ampliou para assessores de direção, superintendentes e órgãos regionais, um universo de 6 mil funcionários, um plano de 2013 que oferece benefício ao funcionário em troca de redução de jornada de 8 horas para 6 horas.

A principal vantagem para quem aderir ao programa é o aumento de 12% no valor pago pela hora trabalhada. De 2013 para cá, esse programa, que foi oferecido para 24 mil funcionários de salários mais baixos, significou uma economia de R$ 410 milhões por ano. "Desses 24 mil funcionários, 71% já fazem jornada de seis horas", disse o presidente do banco.

AGÊNCIAS — Somam-se a essas ações na área de redução de gastos com pessoal os R$ 750 milhões que a instituição prevê economizar todos os anos com o fechamento de 402 agências e a transformação de outras 379 em postos de atendimento, entre outras medidas.

Desse montante, R$ 450 milhões serão economizados com o enxugamento da estrutura organizacional e R$ 300 milhões com redução de gastos com transporte de valores, segurança e despesas com os imóveis.

"Não deixaremos de atuar em nenhum município em que o Banco do Brasil já está", disse Caffarelli.

No total, são 781 agências, de um total de 5.430, que deixarão de existir -o que corresponde a 14% do total. Dos pontos fechados, 379 serão convertidos em postos de atendimentos, uma versão menor e mais barata de servir ao cliente. As outras 402 serão desativadas, somando-se a outras 51 agências que começaram a ser fechadas em outubro.

De acordo com o executivo, a ideia é que todos os funcionários das agências que serão fechadas sejam realocados, se possível no mesmo município.

A principal diferença entre agências e postos de atendimento é que na primeira existe um gerente geral, e no posto de atendimento, não.

"Ou seja, no posto de atendimento há uma complexidade administrativa menor", disse Paulo Roberto Lopes Ricci, vice-presidente de distribuição de varejo e gestão de pessoas do Banco do Brasil.

Em comunicado ao mercado, o banco diz que a rede de atendimento será reorganizada para adequá-la "ao novo perfil e comportamento dos clientes" e que não comprometerá a presença do BB nos municípios em que atua. As mudanças devem ocorrer ao longo de 2017.

A instituição tem hoje mais agências que seus concorrentes, incluindo o Bradesco, que soma 5.337 pontos após a incorporação do HSBC, em julho deste ano. O Bradesco fechou a compra do braço brasileiro do HSBC em agosto do ano passado.

Também serão enxugadas 31 superintendências regionais, e três diretorias serão extintas, com funções redistribuídas para outras áreas.

ATENDIMENTO DIGITAL - Na contramão do fechamento de grandes agências, o BB planeja abrir, nos próximo ano, 255 agências digitais. A expectativa é atender 4 milhões de clientes nesse sistema -hoje são 1,3 milhão da alta renda.

Esse novo modelo de atendimento, voltado a clientes que quase não vão ao banco, também está em adoção pelas demais instituições.

Outro foco de investimento dos bancos está nos aplicativos para celular.

Segundo o BB, 40% das transações bancárias já são feitas pelo smartphone, enquanto outros 27% são via internet banking.

A tendência é semelhante nos demais bancos. O celular já é o principal canal bancário do Bradesco, enquanto no Santander, celular e computador respondem por 65% das transações realizadas pelos correntistas. No Itaú, 70% das transações são feitas pelos canais digitais.

Mudanças no Banco do Brasil  As mudanças devem ocorrer em 2017

O que será fechado

781 agências, sendo que 379 serão convertidas em postos de atendimentos

31 superintendências regionais serão fechadas

3 diretorias, que terão funções redistribuídas

O que fazer

A migração de clientes atendidos em agências fechadas será automática

Não haverá mudança de cartões e senhas para transações na nova agência, mesmo que haja alteração no número da conta

O banco vai comunicar a mudança via site, SMS, aplicativo para celular, caixa eletrônico, correspondências e cartazes nas agências

Programa de aposentadoria

18 mil funcionários que já poderiam ter se aposentado terão incentivo para deixar o banco

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp