Economia & Mercado

Presidente do BNDES não aprovou fundador para comando da JBS

Reuters
Ele afirmou que estuda as medidas jurídicas cabíveis e criticou a reunião do colegiado, que teria ocorrido "na calada da noite"  |   Bnews - Divulgação Reuters

Publicado em 18/09/2017, às 06h41   Folhapress



O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, disse à Folha que não aprovou a escolha de José Batista Sobrinho para a diretoria executiva da JBS e que a conselheira do banco votou de forma "autônoma", sem consultar o comando da instituição.

Ele afirmou que estuda as medidas jurídicas cabíveis e criticou a reunião do colegiado, que teria ocorrido "na calada da noite". "A administração da JBS está escrevendo um compêndio completo de má governança", disse Rabello de Castro.

A reunião extraordinária do conselho da JBS, que definiu a substituição de Wesley Batista, preso no último dia 13, começou às 19 horas de sábado (16) e durou até a 1h deste domingo (17).

Batista Sobrinho, pai de Wesley e fundador do grupo, foi conduzido ao cargo por unanimidade, com o voto inclusive da conselheira do BNDES, a advogada Claudia Santos.

Nesta segunda-feira (18), o BNDES deve anunciar seus novos representantes no conselho da JBS. Um deles será Cledorvino Belini, ex-presidente da Fiat. O banco tem direito a duas cadeiras no colegiado, mas uma delas está vaga desde que o conselheiro anterior renunciou.

Na reunião que definiu a sucessão de Wesley Batista, a família chegou a propor o nome do filho do empresário, Wesley Batista Filho, mas houve forte resistência da representante do BNDES. O herdeiro acabou se tornando diretor estatutário e fará parte de um grupo de executivos que vai assessorar o avô.

Segundo pessoas que acompanharam as discussões, Claudia Santos argumentou na reunião do conselho que Batista Filho seria visto pelo mercado como uma solução definitiva e que seria criticado por sua pouca idade, apesar de comandar a operação americana de carne bovina.

A família Batista sugeriu então o nome de José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, e o presidente do conselho, Tarek Farahat, disse que a JBS contrataria uma consultoria para preparar a sucessão, conforme vinha sendo solicitado pelo BNDES.

Para surpresa dos assessores dos Batistas, a representante do BNDES aceitou. Santos, que já havia apresentado sua carta de demissão ao banco na semana passada, disse aos diretores do BNDES no domingo (17) que avaliou ser a melhor forma de evitar que a empresa seguisse acéfala após a prisão de Wesley.

Com 21% de participação, o BNDES vem pressionando pela saída dos Batistas do comando desde a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley. Joesley Batista acusou o presidente Michel Temer de corrupção.

A JBS também informou que vai procurar um diretor financeiro -outra demanda do BNDES. Segundo nota emitida pela companhia neste domingo, seria uma forma de "fortalecer a governança".

A manutenção dos Batistas no comando da JBS pode ser mal recebida pelos investidores e pelos bancos credores, que preferiam a indicação de um executivo profissional para blindar a empresa da prisão de Joesley e Wesley.

A expectativa da família é que a criação do comitê de executivos para assessorar Zé Mineiro acalme o mercado. Além de Wesley Filho, o time será composto por Gilberto Tomazoni, presidente das operações globais da JBS, e André Nogueira, presidente da empresa nos EUA.

O maior receio dos bancos credores é que a crise atrapalhe as vendas de outros ativos do grupo, comprometendo a entrada de recursos para pagar dívidas. Os negócios estão atrelados ao acordo de leniência da holding J&F, que congrega os negócios da família, com o Ministério Público. 

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