Economia & Mercado

Criminosos sequestram e assaltam à mão armada por bitcoins

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Supervalorização de criptomoedas e anonimato nos registros incentivam delitos  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 21/02/2018, às 07h47   Folhapress


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A moeda que eles queriam era virtual, mas as armas que portavam eram o oposto.

Em Phuket, resort litorâneo da Tailândia, assaltantes arrastaram sua vítima, um jovem russo, ao apartamento dele e o mantiveram lá vendado até que ele acessou seu computador e transferiu US$ 100 mil em bitcoins a uma carteira virtual controlada pelos agressores, em fevereiro.

Em Nova York, um homem foi aprisionado por um amigo até lhe transferir US$ 1,8 milhão em ether, outra moeda virtual.

Os ricos sempre temeram roubos e extorsões. Agora, os grandes detentores de bitcoins e moedas semelhantes se tornaram alvos atraentes para criminosos, especialmente desde que os preços das moedas virtuais chegaram à estratosfera, no ano passado.

As moedas virtuais podem ser transferidas facilmente para um endereço anônimo estabelecido por um criminoso. Embora bancos possam deter ou reverter grandes transações eletrônicas realizadas de maneira forçada, não existe um banco do bitcoin para deter ou reverter uma transferência, o que torna as probabilidades de um ataque armado assustadoramente atraentes.

Ladrões tiraram vantagem disso em número surpreendente de casos recentes, na Rússia, na Ucrânia, na Turquia, no Canadá, nos EUA e no Reino Unido.

"É algo que está se tornando mais comum", disse Jonathan Levin, fundador da Chainanalysis, que já colaborou com diversas agências policiais na investigação de crimes envolvendo moedas virtuais.

A empresa de Levin se especializa em rastrear transações criminosas no blockchain, o livro-caixa computadorizado no qual cada transação com bitcoins é registrada.

Mas, mesmo quando é possível rastrear uma transação, a forma pela qual o bitcoin foi concebido significa que os criminosos não precisam associar suas identidades ao endereço usado para manter o bitcoin --como é necessário no caso da maioria das contas bancárias tradicionais. Isso impediu o avanço das investigações policiais em diversos casos.

SEQUESTRO
O ataque mais audacioso atingiu a Exmo, a Bolsa de moedas virtuais da Ucrânia. O presidente-executivo da organização, Pavel Lerner, foi sequestrado um dia depois do Natal e libertado dias mais tarde, depois que a companhia pagou em bitcoins um resgate equivalente a US$ 1 milhão.

Um porta-voz da Exmo disse que "o dinheiro veio dos fundos pessoais de Lerner".

Um mês antes, um empresário turco foi forçado a revelar as senhas de suas carteiras de moedas virtuais —que detinham US$ 3 milhões em bitcoins— depois que seu carro foi parado por uma quadrilha armada, em Istambul.

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