Economia & Mercado

Presidente da Fieb diz ‘ver com apreensão’ decisões da equipe econômica do governo Bolsonaro

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Ricardo Alban apresentou o balanço de 2018 e as expectativas para 2019, na manhã desta terça-feira (11), na sede da Fieb  |   Bnews - Divulgação Guilherme Reis/BNews

Publicado em 11/12/2018, às 12h31   Guilherme Reis


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O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Alban, disse que encara com “apreensão” o desenho da equipe econômica do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Para o empresário, a incorporação do Ministério de Indústria e Comércio à pasta da Economia configura uma perda de representatividade do setor. 

“Não entendo como que a indústria e o comércio, por ser o maior contribuinte de arrecadação federal, está dentro do Ministério da Economia. Existe o Ministério da Agricultura, do Turismo - que é a coisa mais mal explorada no país - e não existe Ministério da Indústria e Comércio. E a simbologia do ministro? Se não houvesse essa simbologia, não existiria ministério. Onde está a identidade e a simbologia da indústria e do comércio? É ou não é uma perda de representatividade?”, questionou, durante entrevista coletiva em que apresentou o balanço de 2018 e as expectativas para 2019, na manhã desta terça-feira (11), na sede da Fieb. 

Perspectivas

A entidade estima que a produção industrial baiana fechará 2018 com um crescimento de 1%. Até o mês de outubro, foram gerados 11.543 empregos após quatro anos de redução. 

A Fieb cobrou que o governo federal faça as reformas da Previdência e tributária para que o setor industrial tenha condições de retomar o crescimento de maneira efetiva. Alban, porém, não acredita em uma redução da carga tributária. “Temos uma equação fiscal alta e injusta. Não acredito em uma reforma tributária com redução da carga, mas em uma melhor equalização”, disse, defendendo também uma reforma política: “A estrutura política não dá mais as respostas que a sociedade quer. Não podemos ter esse pluripartidarismo exagerado”.

Além disso, Alban defendeu que a Bahia amplie a geração de energia eólica e solar e promova concessões para modernizar sua infraestrutura, o “ponto principal”. 

Há ainda expectativas positivas para a construção civil, para o refino de petróleo e a produção de álcool, para a produção de plástico e borracha, para a metalurgia básica e para o setor automotivo. Por outro lado, Alban citou um possível impacto negativo devido ao fechamento da Fafen (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados).

Disparidades

O presidente da Fieb apontou disparidades no tratamento dispensado pelo governo federal à indústria e à agricultura. Segundo ele, agricultura responde por 10% de tudo o que a indústria paga em tributos. Enquanto isso, a renúncia fiscal federal da indústria é apenas 10% maior do que a renúncia fiscal para a agricultura. “Existe um equívoco quando se pensa que a indústria brasileira é uma grande sorvedora de incentivos fiscais. Ela é a maior provedora de arrecadação”, acrescentou.

Ricardo Alban disse ainda que mantém pontes sólidas de diálogo com os governos estadual e municipal, mas ressaltou que é preciso ter “mais resultado”. “Estamos aguardando a mudança da estrutura do Estado. Precisamos ter interlocutor, e gostaríamos que fosse alguém condizente com o que é a Secretaria de Desenvolvimento Econômico”, afirmou. 

Em sua avaliação, um dos principais desafios da indústria brasileira é tornar-se competitiva a nível internacional. “Política industrial é diferente de uma política de combate à pobreza. É um planejamento de médio e longo prazo. Quando você tem políticas emergenciais, você tem políticas de curto prazo. Não existe país forte sem economia forte”, pontuou. 

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