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Altos custos das taxas dos portos marítimos de Salvador afastam o trade turístico da capital baiana

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Cruzeiros substituem roteiro de Salvador por destinos internacionais devido às altas taxas portuárias  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Verônica Macedo

por Verônica Macedo

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Publicado em 23/01/2024, às 09h29 - Atualizado às 09h33


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O trade turístico portuário está desistindo de atracar em Salvador em função das elevadas taxas cobradas aos navios que encostam no cais na capital baiana. Os custos de operação são 50% mais altos do que a média mundial praticada. Em função disso, concorrentes como Arábia Saudita, África do Sul, índia, China e Dubai têm se transformado em roteiros de viagens alternativos absorvendo consumidores-chave que, anteriormente, injetavam milhares e dólares na cidade.

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É o que afirma Marco Ferraz, presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos – Clia Brasil (Cruise Lines International Association). “A MSC Cruzeiros, por exemplo, reduziu a sua frota direcionada à Bahia, retirando um navio do roteiro. Já a companhia Costa Cruzeiros se retirou completamente da rota baiana. Diariamente, as taxas diárias cobradas ultrapassam R$ 800 mil”, esclarece Ferraz.

Segundo o presidente da Clia Brasil, esses valores incluem serviços envolvendo embarque e desembarque regionais, os terminais de passageiros, a praticagem (atividade de auxílio portuário), impostos relacionados aos combustíveis, entre outros.

De acordo com Marco Ferraz, no terminal, só um passageiro tem um custo de R$ 100,00. Os preços praticados acompanham a inflação, mas a régua já é alta, segundo ele. “Por isso, estamos discutindo com gestores da Companhia das Docas do Estado da Bahia – Codeba e companhias em busca de soluções”, diz.

A Codeba é a autoridade portuária que tem como finalidade administrar e explorar os portos de Salvador, Ilhéus e Aratu. 

Demétrius Moura, diretor Comercial e de Relações com o Mercado da Codeba argumentou que a cadeia logística do setor é complexa em função e vários agentes de negociação. Segundo ele, não existe manifestação da Costa Cruzeiros sobre retirar das escalas de Salvador seus cruzeiros. “A questão é que, com relação à Costa, a atracagem dos navios na Bahia está temporada está tranquila, mas as vendas para a próxima temporada ainda não começou, o que tem provocado preocupação do trade turístico”, relatou Demétrius.

 O diretor Comercial e de Relações com o Mercado da Codeba alegou que Salvador cresceu em movimentação de passageiros na comparação de 2022 para 2023. “São cerca de 90 escalas de viagem nessa temporada que segue até abril de 2024. Só Ilhéus receberá mais de 37 cruzeiros, sete a mais que Recife e praticamente a mesma quantidade que Maceió”, pontuou.

O gestor da Codeba ressaltou ainda que, no comparativo com outros terminais privados existentes no Brasil, os preços praticados na Bahia são equivalentes. Ele salienta que nem todas as taxas são cobradas pela Codeba. Existem valores cobrados pelo armador e outros custos são de responsabilidade da Contermas, empresa que arrendou o terminal privado.

“Realmente é preciso chegar a uma negociação para melhorar esses valores relacionados ao acesso aos portos marítimos baianos. Já estamos discutindo as tarifas públicas, que são cobradas pela Codeba a fim de garantir o trânsito à Baía de Todos os Santos. São esses impostos que mantêm a estrutura aquaviária e permite a manutenção do canal através de serviços como dragagem, segurança, guarda portuária, orientação das pessoas no cais”, elucidou Demétrius.

Ele enfatizou que só a praticagem portuária tem um ônus diário para as empresas de cruzeiros marítimos superior a R$ 200 mil, mas esse custo não é arrecadado pela Codeba, é cobrado pela Associação de Praticagem e representa quatro vezes mais do que é aplicado no Estados Unidos.

“Da parte das autoridades portuárias, estamos procurando viabilizar e agilizar a resolução do problema. Estudamos uma tabela de descontos para ser aprovada pelo Conselho da Codeba. A diretoria está se mobilizando para fortalecer a atividade nos portos da Baía de Todos os Santos ainda nessa temporada, até o final deste mês”, assegurou Moura.

De acordo com o gestor da Codeba, propostas estão sendo discutidas com órgãos federais, a Secretaria de Turismo do Estado da Bahia e a Clia para ter cruzeiros fora da temporada com taxas menores, com descontos inéditos. Essa proposta envolve outras cidades do Nordeste, como Fortaleza e Maceió.

“Nosso objetivo é fortalecer o destino turístico baiano, cumprindo o papel de empresa pública, reafirmando o compromisso para fomentar o desenvolvimento local”, concluiu Demétrius.

As companhias MSC Cruzeiros e Costa Cruzeiros foram procuradas pela reportagem do BNews para se posicionarem sobre ao assunto.

Em nota, a assessoria da Costa Cruzeiros informou que a matriz da empresa, sediada em Gênova, Itália, disse que “não terá operação de cabotagem de seus navios no estado da Bahia na temporada 23/24 durante entre os meses de novembro de 2024 e abril de 2025. A Bahia é um destino que faz parte da história da Costa e está incluída nas travessias transatlânticas dos navios (Europa-Brasil e Brasil-Europa) que operam na região no mesmo período. A Bahia e todo o Nordeste brasileiro seguem no radar para desenvolvimento da companhia nos próximos anos”.

A companhia MSC Cruzeiros não se manifestou acerca da questão. A reportagem do BNews não conseguiu contato com a Associação de Praticagem.

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