Economia & Mercado

Bolsa fecha 2023 com melhor desempenho em quatro anos

Valter Campanato/Agência Brasil
O dólar terminou o dia em alta de 0,42%, cotado a R$ 4,852, mas acumulou queda de 8,08% em relação ao real em 2023  |   Bnews - Divulgação Valter Campanato/Agência Brasil

Publicado em 28/12/2023, às 19h33   Folhapress


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Após renovar suas máximas históricas, a Bolsa brasileira encerrou 2023 com alta acumulada de 22,3%, em seu melhor desempenho anual desde 2019, impulsionada pela perspectiva de queda nos juros americanos e pelo início do ciclo de cortes da Selic, no Brasil.

Nesta quinta, o Ibovespa permaneceu estável e terminou a sessão aos 134.185 pontos, mantendo o recorde registrado no pregão de quarta (27), quando ultrapassou os 134 mil pontos pela primeira vez.

Se for considerada a inflação, porém, o pico do Ibovespa seria de 177.098 pontos, quando corrigido pelo IPCA atual, e de 212.305 pontos, quando corrigido pelo IGP-M, ambos atingidos em maio de 2008, antes da crise financeira. Os cálculos são da Economatica.

Já o dólar terminou o dia em alta de 0,42%, cotado a R$ 4,852, mas acumulou queda de 8,08% em relação ao real em 2023, no maior recuo anual desde 2016.
Neste ano, o real foi apoiado especialmente pela aprovação de medidas como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, que reduziram temores fiscais e melhoraram o ambiente de negócios, contribuindo também para o desempenho do Ibovespa.
Além disso, o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos também pressionou a divisa americana.
Na sessão desta quinta, o dólar até começou o dia caindo, mas passou a subir no fim da manhã, acompanhando a virada para positivo no índice que compara a divisa norte-americana contra uma cesta de pares fortes, que subia 0,40% nesta tarde.
O movimento estava em linha com a alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, os chamados "treasuries", que alguns operadores associaram a ajuste após uma tendência recente de arrefecimento das taxas e queda do dólar.
A percepção entre os agentes, porém, é de que o dólar ainda tem espaço para continuar a ceder ante o real na virada de 2023 para 2024.
"Há um fluxo comercial enorme chegando no Brasil, mais de US$ 20 bilhões no curto prazo, ainda que o Banco Central nem esteja fazendo os leilões de linha tradicionais de final do ano", pontuou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em análise enviada a clientes.
No cenário local, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou medidas que buscam aumento na arrecadação federal, acompanhadas de perto pelo mercado.
Uma delas propõe limitar a compensação tributária com decisões judiciais acima de R$ 10 milhões ao prazo de cinco anos. Também faz parte do plano uma proposta de reoneração gradual a ser encaminhada ao Congresso Nacional como alternativa à derrubada do veto à prorrogação do benefício integral até dezembro de 2027.
Outra medida prevê mudança na lei do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) -que oferece benefícios para empresas aéreas e ligadas a entretenimento.
"Assim como os projetos votados ao longo de dezembro, o conjunto de medidas anunciadas hoje possui impacto significativo sobre o potencial de arrecadação tanto de 2024 quanto para os anos subsequentes", avaliou Matheus Pizzani, economista da CM Capital.
A sessão no câmbio também foi impactada pelo fechamento da Ptax, uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.
Investidores repercutiram, ainda, a divulgação de novos dados de inflação pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) acelerou a 0,40% em dezembro, após marcar 0,33% em novembro. A nova taxa, mesmo com a aceleração, é a menor para o último mês do ano desde 2018 (-0,16%).

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