Economia & Mercado

Bolsa fecha em queda com piora de expectativas sobre inflação e juros

Marcello Casal Jr / Agência Brasil
Ao final do pregão desta segunda-feira (26), o Ibovespa, referência para as ações negociadas no país  |   Bnews - Divulgação Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Publicado em 26/12/2022, às 20h17   Folhapress


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A Bolsa de Valores brasileira recuou na abertura da última semana de 2022 sob pressão do aumento das expectativas para altas da inflação e dos juros. Com os mercados de Estados Unidos e Europa fechados devido ao feriado estendido de Natal, o volume de negociações na sessão foi menor do que o habitual.

Ao final do pregão desta segunda-feira (26), o Ibovespa, referência para as ações negociadas no país, caiu 0,87%, aos 108.737 pontos. Petrobras, Magazine Luiza e Itaú perderam 0,36%, 1,12% e 1,63%, respectivamente, exercendo as principais pressões negativas sobre o índice. A mineradora Vale subiu 1,24% e evitou uma queda maior da Bolsa.

O dólar comercial à vista fechou com alta de 0,81%, cotado a R$ 5,2080 na venda.
No mercado de juros futuros, a taxa DI, que reflete os empréstimos negociados entre instituições financeiras e serve de referência para o setor de crédito, apresentou elevações para os contratos com vencimentos nos prazos curtos e médios.

A taxa dos contratos para 2024, por exemplo, passou de 13,52%, na sexta, para 13,56%, nesta segunda.

A taxa para 2025 subiu de 12,82% para 12,93%.

O economista Piter Carvalho, da Valor Investimentos, classificou como "surpreendente" a escalada das taxas DI com vencimento no médio prazo, como para 2027, que passou de 12,83% para 12,89%, mesmo em um dia de baixo volume de negócios

Segundo analistas, a razão para essa alta foi o relatório Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda. A pesquisa apontou que o mercado elevou sua projeção para a taxa básica de juros (Selic) em 2023, prevendo que ela fechará o ano em 12%, superando os 11,75% previstos há uma semana. Há expectativa de que o Banco Central terá menos espaço para reduzir o aperto monetário após fechar este ano com a taxa em 13,75%.

O boletim também indicou uma elevação marginal das projeções para a inflação no ano que vem, para 5,23%. Antes, era de 5,17%. O teto da meta para 2023 é de 4,75%. A projeção para os preços administrados no período subiu de 6,23% para 6,53%. Para 2024, a expectativa para o IPCA aumentou de 3,50% para 3,60%.

Étore Sanchez e André Coelho, da Ativa Investimentos, relataram que o último Focus do ano, após a PEC da Gastança ter sido aprovada, registra uma "piora significativa da conjuntura".
Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, reforçou que a divulgação do boletim Focus trouxe preocupações aos investidores ao projetar para 2023 uma inflação levemente superior à do último boletim, o que colaborou para a alta dos juros futuros.

Cardozo relatou, porém, que o bom desempenho do setor da Bolsa ligado à exportação de minerais metálicos evitou uma queda maior do Ibovespa.

Entre as notícias que podem favorecer a valorização de matérias-primas importantes para exportadores com presença na Bolsa do Brasil, como é o caso do minério de ferro explorado pela Vale, o destaque é para o comunicado desta segunda de autoridades de saúde da China.

A agência Reuters reportou que Pequim deixará de exigir quarentena para viajantes que chegarem ao país a partir de 8 de janeiro.

Além disso, mesmo com hospitais lotados de pacientes, o país havia anunciado mais cedo que pretende adotar regras menos rigorosas para o tratamento de pacientes, o que, segundo reportou o The Wall Street Journal, é um claro sinal de que Pequim realmente acabará com a quarentena.

Sem negociações nesta segunda, o preço do barril do petróleo Brent subiu 2,94% na última sexta-feira (23), cotado a US$ 83,92 (R$ 435,25). O Brent serve de referência para os preços praticados por empresas do setor no Brasil, como a Petrobras.

A agência de notícias Bloomberg atribuiu a alta da matéria-prima a ameaças da Rússia de que poderá cortar sua produção em pleno inverno no hemisfério Norte.

O corte seria uma resposta do governo de Vladimir Putin à limitação de preços à mercadoria russa imposta pelo Ocidente como uma forma de sanção pela Guerra da Ucrânia.

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