Economia & Mercado
Inflação, dívida e juros em alta devem continuar mantendo o Brasil como o país da renda fixa em 2025. O alerta é do consultor Flávio Málaga, sócio fundador da MÁLAGA Assessoria em Finanças Corporativas e Contabilidade Societária.
A previsão, segundo ele, vem do fato de na semana passada o Banco Central ter aumentado a taxa Selic para 11,25% ao ano, utilizando o instrumento que tem em mãos para cumprir o objetivo que lhe foi imposto pelo Conselho Monetário Nacional: manter (ou tentar manter ao menos) a inflação (medida pelo IPCA) dentro da meta e de seus limites (3% ao ano +/- 1,5%).
“O BC está sozinho nesta ‘briga’. Enquanto isso a inflação (medida pelo IPCA) segue em elevação, já tendo estourado o teto da meta; a relação dívida líquida / PIB continua em trajetória ascendente e em um dos seus picos históricos; e o país continua com seu comportamento contumaz de gerador de déficits primário e nominal. Vende o futuro para pagar contas do presente”, afirma.
A renda fixa como preferência dos investidores em 2025 também é defendida por executivos que participaram nesta terça-feira (12/11) do Ponto de Virada, evento do Itaú Unibanco com a plataforma íon sobre o universo de investimentos.
“Com toda incerteza no mercado de investimento americano, com impacto para os ativos brasileiros, e as preocupações com a inflação no centro do debate, o investidor vai procurar se proteger. Vai ser algo parecido com 2024, com a busca pela diversificação de trazer a renda fixa ainda muito forte, aproveitando taxas elevadas. Devemos ver a preferência por ativos isentos como as debêntures incentivadas e muita busca por hedge (cobertura ou limite)”, disse no evento Marcos Skistymas, diretor de produtos listados da B3 - uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro no mundo, com atuação em ambiente de bolsa e de balcão.
Málaga, que também é professor do MBA Executivo e do MBA Finanças do Insper, PhD em administração, e que atua em avaliação e emissão de opiniões técnicas em casos de disputas societárias financeiras em âmbito jurídico ou arbitral, fusões e aquisições e rodadas de financiamento que envolvam cálculos de danos econômico-financeiros, defende que a combinação de inflação, dívida e juros em alta “demonstra um país desestruturado e um governo que drena recursos dos poupadores em uma disputa injusta com as empresas, que ou pagam caro para captar e realizar seus projetos ou simplesmente os congelam”, completa.
Para o especialista, “não à toa, o mercado de emissão de ações (IPOs) está parado desde 2021, sem nenhuma perspectiva de reativação no curto/médio prazo. O valor relativo de nossas empresas continuará inferior ao de seus pares em países desenvolvidos e menos arriscados e o Brasil se manterá como o país da renda fixa”.
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