Economia & Mercado
Publicado em 09/08/2022, às 11h25 Redação
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente ao mês de julho deve registrar a primeira deflação em mais de dois anos. A expectativa é que seja divulgada ainda nessa terça-feira (9) o percentual do índice. A última vez que o valor do IPCA foi negativo foi em 2020 durante a pandemia do Covid-19 e no auge das restrições sanitárias.
De acordo com o site InfoMOney, o mercado financeiro acredita que o índice a ser divulgado será entre 0,3% e 0,8%. A previsão é que o IPCA negativo de julho seja 0,65%, em comparação a maio. Caso se confirme, o índice terá a maior deflação da série histórica iniciada com o plano Real, em 1994. “A deflação é importante, mas tem caráter artificial”, lembrou Marcela Kawauti, economista-chefe da Prada Assessoria.
A queda no índice do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), autorizado pelo Governo Federal em junho desse ano, recaindo sobre os combustíveis e energia, foi um dos fatores que contribuiu para a retração do IPCA.
“Observa-se que esse recuo nos preços tem sido gerado ‘a fórceps’ por meio de decisões do nosso executivo e legislativo, e não de alívio nos preços internacionais, principal fato gerador da nossa atual inflação”, ressaltou Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos que prevê ainda uma deflação do índice em agosto em torno de 0,18%.
“A deflação de julho e agosto é uma excelente bandeira eleitoral, mas não representa que a pressão sobre o nível de preços foi de fato – e na prática – reduzida de forma sustentável”, afirmou Simone.
Para o economista-chefe do Banco Alfa, Luiz Otávio de Souza Leal, a contração do IPCA de julho deve coincidir com a queda dos preços administrados, enquanto os preços livres tendem a continuar subindo, principalmente no setor de alimentação. “As negociações salariais que ocorrerem a partir de agora vão ter uma base menor”, diz o economista.
Leal acredita ainda que mais importante que a deflação são os núcleos do IPCA e os preços industriais. “É isso o que o Banco Central vai estar olhando”, disse
Já o economista e diretor da WIT Asset, Felipe Simões, acredita que a deflação é pontual e não afeta a atuação do Banco Central. “O BC vai olhar muito mais o que acontecer no pós-eleições e os acontecimentos no mundo”, afirma.
Marcela Kawauti, por sua vez, disse que a deflação de julho tem efeitos não recorrentes. “Tem inflação menor este ano, mas não muda no longo prazo”, afirmou. A economista alertou ainda para o fato da política fiscal está caminhando no sentido oposto da política monetária, que sobe juros para tentar controlar a demanda. “A política fiscal, de auxílios joga contra essa lógica”, concluiu.
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