Economia & Mercado

Diferença entre inflação de pobres e ricos é a maior desde 2020

Danilo Verpa/ FolhaPress
Após as medidas que reduziram os preços de combustíveis e outros valores controlados pelo poder público, essa diferença chegou a 0,69 ponto percentual,  |   Bnews - Divulgação Danilo Verpa/ FolhaPress

Publicado em 16/08/2022, às 17h30   Eduardo Cucolo/ FolhaPress


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A diferença entre a inflação dos 10% mais ricos e dos 10% mais pobres aumentou em julho nas faixas de renda utilizadas para o cálculo do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da FGV.

Após as medidas que reduziram os preços de combustíveis e outros valores controlados pelo poder público, essa diferença chegou a 0,69 ponto percentual, maior valor desde dezembro de 2020 (0,81 ponto).

Enquanto as famílias na faixa de 1 a 1,5 salários mínimos tiveram deflação de 0,36% no mês passado, aquelas com renda entre 11,5 a 33 mínimos sentiram uma queda de preços de 1,05% –praticamente o triplo.

A explicação para tal diferença é que os preços dos alimentos, item que mais pesa na cesta da baixa renda, estavam em aceleração em 2020, mesmo movimento registrado atualmente. Por outro lado, a inflação de itens como transportes, educação e recreação, que pesam mais no orçamento da alta renda, está em queda.

O grupo transportes, influenciado pela redução no preço e nos impostos sobre a gasolina, registrou deflação de 3,66% para os mais pobres e de 4,68% para os mais ricos. Ou seja, 1 ponto percentual a mais na faixa de renda mais elevada.

Em 12 meses, o IPC da FGV acumula alta de 7,82% para os mais pobres e 7,43% para os mais ricos. Nos alimentos, a alta é de 16,2% e 13,8%, respectivamente, nas duas faixas.

A tendência é que esse movimento se acentue nos próximos meses, dada a projeção da instituição de que os alimentos terminem o ano com uma inflação acima de 10%. Já os preços controlados pelo poder público devem fechar 2022 com deflação.

O economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), diz que os mais pobres sofrem também com a falta de proteção contra a alta de preços, já que os mais ricos têm acesso a produtos financeiros que garantem a rentabilidade do seu dinheiro.

"O indivíduo mais pobre tem uma sensação menor desses efeitos das reduções do ICMS e não tem proteção contra o processo inflacionário. Para eles, a sensação de inflação está na alimentação."

O economista do FGV Ibre diz que a inflação de alimentos em 12 meses pode ter alcançado o pico deste ano em julho, para iniciar uma desaceleração nos próximos meses. Ainda assim, deve fechar o ano em dois dígitos.

"A inflação de alimentos deve ceder por conta dessa desaceleração de grandes economias. A gente tem visto que as commodities agrícolas têm caído muito. Os grãos podem ajudar a desacelerar a inflação daqui para a frente, o que vai ser bom para os menos favorecidos", afirma.

Em julho, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o índice oficial de inflação do país calculado pelo IBGE, teve deflação de 0,68%.

A queda ficou concentrada em 2 dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados: transportes (-4,51%) e habitação (-1,05%). Ambos foram influenciados pelos recentes cortes nas alíquotas de ICMS, imposto estadual, sobre combustíveis e energia. Se não fosse essa queda, o IPCA de julho teria uma alta de 0,70%, segundo o IBGE.

A redução de preços da gasolina promovida pela Petrobras também contribuiu para o resultado do mês.
Para agosto, o mercado projeta deflação de 0,20%, mas a nova redução de preço da gasolina anunciada nesta segunda (15) pode levar a uma queda maior.

De acordo com outro indicador, o IPC FX, índice da Fipe que mede a inflação na cidade de São Paulo por faixa de renda, a deflação nos preços ao consumidor registrada em julho beneficiou apenas as famílias com renda mensal acima de oito salários mínimos (R$ 9.696).

A diferença nos índices de preços se deve a fatores como abrangência geográfica, metodologia e período de coleta, entre outros.

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