Economia & Mercado

Dólar engata nova alta e vai acima de R$ 5,40 com foco em Haddad

Marcello Casal Jr / Agência Brasil
Haddad afirmou nesta terça que apresentará ao presidente Lula um plano de voo com ações de curto, médio e longo prazo para a agenda econômica da nova gestão  |   Bnews - Divulgação Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Publicado em 03/01/2023, às 13h55   Folhapress


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O dólar engatava forte alta na segunda sessão deste ano, chegando a ser negociado acima dos R$ 5,40 em alguns momentos desta terça-feira (3), com investidores atentos a falas do novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em meio a preocupações sobre a saúde das contas públicas.

Às 12h30, a moeda americana à vista avançava 0,89%, a R$ 5,4050 na venda. O Ibovespa, indicador referência da Bolsa de Valores brasileira, recuava 0,82%, aos 105.502 pontos.

Haddad afirmou nesta terça que apresentará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um plano de voo com ações de curto, médio e longo prazo para a agenda econômica da nova gestão. "Vou apresentar um conjunto enorme de ações para ele, de decisões que ele vai ter de tomar, uma a uma", disse Haddad

O ministro também minimizou as reações do mercado financeiro na véspera. "As pessoas estão se apropriando dos números e do que aconteceu no Brasil em 2022. Estava um clima de que economia estava no rumo certo e esse clima está se desfazendo pela apresentação dos números do enorme rombo eleitoral deixado pelo Bolsonaro", disse Haddad.

Analistas de mercado relatam, porém, que há desconfiança entre investidores sobre a autonomia do ministro e até que ponto as decisões econômicas serão influenciadas pela setor político do governo.

"A incerteza [sobre a política] fiscal vem se concretizando. Hoje tivemos o discurso do ministro da Fazenda reconhecendo que a instância política será responsável por dar a última palavra, o que trouxe uma reação bem ruim para o mercado", comentou Luiz Souza, assessor de renda variável da SVN Investimentos.

Na segunda-feira (2), o mercado financeiro já havia demonstrado descontentamento com o discurso de posse e as primeiras ações do presidente Lula. A leitura feita por analistas é de que há sinais de que o governo será mais intervencionista na economia do que se esperava, com consistente uso de empresas públicas.

As expectativas também pioraram quanto ao controle dos gastos públicos, sentimento que ganhou força após o anúncio da manutenção da desoneração por dois meses para gasolina e etanol, e por um ano para diesel, biodiesel e gás de cozinha.

Durante a posse, Lula chamou o teto de gastos de "estupidez", e disse que ele será revogado. A medida já era prevista pela PEC da Gastança, que elevou o teto e permitiu gastos fora dele, mas estabeleceu que o Executivo deve apresentar uma nova regra para as contas públicas para substituir o atual.

"O discurso de Lula realmente não agradou, mas não trouxe novidades. Acho que o mercado espera que, em algum momento, ele comece a falar como quem governa, em vez de falar como se ainda estivesse em campanha", comentou Tomás Awad, sócio-fundador da 3R Investimentos.

Entre os principais destaques do mercado de ações domésticos desta terça-feira, as ações da Qualicorp disparavam 18% após a notícia sobre a troca de comando da companhia.

A Rede D'Or anunciou que vai transferir a gestão da maior parte de sua participação na Qualicorp à gestora independente Prisma Capital por seis anos.

Após a renúncia de Bruno Blatt ao cargo de diretor presidente, o conselho de administração elegeu Elton Hugo Carluci, atual diretor comercial, de inovação e novos negócios, para seu lugar.

No exterior, os principais mercados reabriram após o feriado prolongado de Ano-Novo. Em Nova York, o índice parâmetro da Bolsa, o S&P 500, recuava 0,32%.

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