Economia & Mercado

“É preciso aumentar formalização para recuperar economia na Bahia”, diz consultor da Fecomercio-BA

Tânia Rêgo/Agência Brasil
IPCA de Salvador e RMS ficou em cerca de 6%  |   Bnews - Divulgação Tânia Rêgo/Agência Brasil
Bernardo Rego

por Bernardo Rego

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Publicado em 10/04/2023, às 05h41


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A situação econômica da Bahia, em especial Salvador e Região Metropolitana (RMS), não está nos melhores dias por uma série de fatores. Mas, dois deles valem destaque: inflação e taxa de juros. Este ano, o IPCA de Salvador e RMS ficou em cerca de 6%, o que demostra uma diferença em relação ao índice nacional de 5,6%. A taxa de juros gira em torno de 13%, conforme decisão do Banco Central (BC).

Estes números vêm impulsionados pelo aumento da energia elétrica, combustível, habitação, transporte e outros serviços que são considerados essenciais. Seguindo este cenário, a Bahia possui a maior taxa de desocupação do Brasil, 13,5%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD - Contínua) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Salvador, o índice é de 15,4%.

O professor e economista, Antônio Carvalho, em conversa com o BNews, fez questão de salientar que o fenômeno da alta inflação é um dos fatores mais danosos para a economia de uma cidade ou país porque reduz o poder compra, principalmente daqueles que possuem menor renda. Ele também pontuou que, aliado a isso, vem uma taxa de juros exorbitante que desestimula o crescimento econômico, mais especialmente daqueles que pretendem empreender, porque o crédito acaba custando mais caro.

Ele também comentou a respeito do aumento de ofertas de emprego na Bahia e frisou que tal fenômeno não significa, necessariamente, um saldo positivo.

“Há muitas vagas em todo o Estado, porém, a remuneração oferecida é muito baixa, o que afeta diretamente o poder de compra”, disse. Ele acrescentou ainda a necessidade de se reajustar a tabela do Imposto de Renda que, segundo ele, é uma “questão de Justiça”.

O BNews também ouviu o Consultor Econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, para entender o impacto desses fatores na vida dos baianos. Segundo ele, a crise econômica que ainda assola o Brasil e a Bahia é difícil de resolver, mas uma das soluções é o estímulo à formalização. “Há uma oferta de vagas crescendo no Estado, porém são oportunidades de baixa remuneração o que não favorece à melhoria da renda”, pontuou. “O crescimento da economia do Brasil nos últimos dez anos foi pífio”, acrescentou.

O economista ainda destacou que as perdas da pandemia ainda não foram sanadas e muitas famílias ainda seguem pagando contas que estão em atraso. “As famílias baianas possuem uma dependência muito grande dos programas de transferência de renda. Muitas vezes é a única renda daquele núcleo”, salientou.

Todos esses fatores aliados aos altos juros criam um cenário de insegurança e instabilidade para a economia. Dietze afirmou que uma das possíveis soluções seria uma atualização da tabela do Imposto de Renda (IR) e uma reforma tributária bem ajustada, já que, segundo ele, a que está em vigor no Congresso Nacional não vai favorecer as pessoas com menor poder aquisitivo.

Cesta básica também pesa no orçamento dos baianos

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o custo da cesta básica da cidade de Salvador, em fevereiro de 2023, foi o segundo menor entre as 17 cidades. Na capital baiana, o valor foi de R$ 596,88, ou seja, um aumento de 0,34% em relação a janeiro de 2023. Na comparação com fevereiro de 2022, a cesta aumentou 8,07% e acumulou alta de 4,59% nos dois primeiros meses do ano.

O Dieese também fez um levantamento a respeito dos 12 produtos que compõe a cesta básica e constatou que sete registraram aumento. Tomate (5,30%), farinha de mandioca (2,66%), arroz agulhinha (1,32%), feijão carioquinha (0,32%), pão francês (0,27%), açúcar cristal (0,24%) e carne bovina de primeira (0,19%). Outros quatro produtos apresentaram diminuição no preço médio: óleo de soja (-5,24%), banana (-3,59%), leite integral (-2,21%) e manteiga (-0,82%). O café em pó não registrou variação de preço em fevereiro em relação ao mês anterior.

Classificação Indicativa: Livre

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